quarta-feira, 4 de agosto de 2010

ANDAI DIFERENTE DOS GENTIOS




E digo isto e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, [...]”. Ef 4.17

Referência Bíblica: Ef 4.17-32


Com esta postagem, conforme outrora lhes prometi, darei prosseguimento à série de estudos bíblicos que fora iniciada na primeira postagem deste blog, publicada no dia 02 de Julho de 2010, onde propus a temática de que os cristãos devem andar como sábios. No entanto, neste escrito, esposarei algumas lições práticas que antes foram ensinadas por Cristo e através dEle (Ef 4.20,21), mas, agora, apresentadas pelo apóstolo Paulo na epístola aos Efésios com a propositura de ensinar os cristãos a andar diferente dos gentios.



I. COMO ANDAM OS GENTIOS



1. “na vaidade do seu sentido” (v.17). Deus nos chamou para que andássemos diferentes dos gentios, dos ímpios. Ao andar em vaidade o mundo anda em uma completa irrealidade. Estão voltados apenas para si, seus prazeres, e nada mais.

Vaidade (gr. “mataiotes”) significa “falta de propósito”, “vazio”, “futilidade”. Os seus pensamentos e intenções não passam de nulidade, porque se direcionam para longe de Deus (para a satisfação do maligno) e porque visam apenas seus próprios interesses. Deus nos livre de termos uma vida vazia assim. Deixemos Cristo encher nossa existência.



2. “entenebrecidos no entendimento” (v.17a). Embora às vezes brilhante em seu Quociente de Inteligência [QI] ou na aprendizagem, os ímpios permanecem sem o conhecimento de Deus. Na sua mente não há luz de sabedoria, pois o seu entendimento acerca das coisas divinas está obscurecido.



3. “separados da vida de Deus, pela dureza do seu coração” (v.17b). A razão de se afastarem conscientemente de Deus é a “dureza” (gr. “porosis”) do coração. “Poros” era “um tipo de mármore” ou, em termos médicos, um “calo” ou uma “formação óssea nas juntas”. Logo o verbo “poroum” significa “petrificar, tornar-se “duro”, “insensível” e (quando aplicado à vista) “cego”. A tradução para este texto poderia ser: “suas mentes se tornaram duras como pedra”. Os gentios possuem, assim, a insensibilidade para com as coisas espirituais, o que determina uma vida sem lugar para Deus ou para os valores morais.



4. “com avidez, cometem toda sorte de impureza” (v.19b). Quanto aos gentios ímpios, nada os refreia de satisfazer seu desejo imundo. Os incrédulos seguem sua marcha funesta “com avidez”, entregando-se às suas depravações com um zelo descontrolado. Eis o que tais homens fazem: mergulham na imoralidade sexual, se apegam cobiçosamente às riquezas, pisam sobre os direitos alheios, roubam aos fracos, corrompem aos inocentes, enganam aos simples e praticam a autoidolatria. Foi deste meio que Cristo nos tirou para a Sua maravilhosa luz (1 Pe 2.9).



II. COMO DEVEM ANDAR OS CRISTÃOS



1. “despojando do velho homem” (v.22). Dos versículos 17 a 19 Paulo retrata o “velho homem”, de quem devemos nos “despojar” (gr. “apotéstai”), como retiramos velhas vestimentas, e nos vestimos de novas. Esta é a genuína conversão, genuíno novo nascimento, ou seja, repudiar o nosso próprio “eu” antigo, de nossas inclinações tremendas para o pecado, e voltar para o novo “eu”. A maneira de viver do velho homem é corrupta e corruptível. Todo cristão tem que abandonar seus antigos hábitos pecaminosos de antes de seu encontro com Cristo.


2. “renovando-se no espírito do sentido” (v.23). A melhor maneira de produzir este despojamento é através do nosso espírito interior, entregando-se ao Espírito Santo de Deus que é o responsável pela obra de transformação do nosso fútil pensamento anterior e nosso obscurecido intelecto, para que possamos ser envolvidos pela forma de pensar de Cristo. Aliás, o nosso pensamento deve estar focado “nas coisas que são de cima e não nas que são da terra” (Cl 3.2). Precisamos experimentar uma renovação que seja expressa por estas palavras: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (Fp 4.8). Que mudança tremenda em relação aos ímpios...


3. “revestindo-se do novo homem” (v.24). Este novo homem é criado segundo Deus, ou seja, procede de Deus, através do Espírito Santo, pois sozinho o homem não consegue sua mudança interior. No princípio o homem foi feito à Sua imagem (Gn 1.27), e quando aquela imagem foi distorcida pelo pecado e a vida em comunhão com Deus se perdeu, houve em Cristo uma nova criação, uma restauração à imagem divina com todas as implicações daí decorrentes. Acima de tudo, a imagem de Deus se manifesta no caráter em justiça e santidade. O termo “justiça” se refere ao desempenho do homem de seus deveres para com os semelhantes, e “santidade”, à observação pelo homem de seu dever para com Deus. Se não veem estas qualidades, pelo menos em parte, é porque não há evidência de ter ocorrido realmente qualquer obra divina de recriação. Contudo, é importante observarmos que há somente contrastes entre o velho e o novo homem: corrupção e renovação, paixão e santidade, engano e verdade, impureza e limpeza. Sendo assim, “andemos nós também em novidade de vida” (Rm 6.4).


4. “deixando a mentira” (v.25). Os seguidores de Jesus devem ser conhecidos na comunidade onde vivem como pessoas honestas e fidedignas, em cuja palavra se pode confiar. A falsidade deve ser banida do meio do povo de Deus, onde a verdade deve ter livre acesso. “Mentira” (gr. “pseudos”) significa “qualquer tipo de falsidade, proferida ou vivida”. Uma vida cristã em que habite a mentira é “pseudo” vida cristã, é falsa, é enganosa. Podemos mentir tanto com os nossos lábios quanto com a conduta diária. Na verdade, quando os cristãos mentem, eles estão enganando uns aos outros e, por conseguinte, rompendo os laços de amor e comunhão a que foram trazidos, pois pertencem ao único corpo, mas individualmente são membros uns dos outros (Rm 12.5). De sorte que, devem ser totalmente honestos uns com os outros. Mentira é um grande obstáculo para o bom funcionamento do corpo. Quando os membros são francos e têm perfeita confiança uns nos outros, o corpo trabalhará em harmonia e, portanto, eficientemente. Não havendo franqueza e verdade, só pode haver desunião, desordem e problemas.


5. “sem ira pecaminosa” (v.26). Muitos interpretam a frase “irai-vos e não pequeis” (ARC) como um mandamento, ou como se Paulo estivesse encorajando uma ira justa. Mas, na verdade, existe uma advertência a respeito do pecado da ira (cf. 4.31). Ao que tudo indica, o pensamento de Paulo acerca da possibilidade de ficarmos irados é para tomarmos cuidado, pois quando a ira chega o pecado jaz à porta. Desta forma, Paulo coloca três restrições à ira: 1. “não pequeis” (indica que a ira leva facilmente a pecar em outras áreas tais como orgulho egoísta, maldade, vingança, ódio, violência e até mesmo assassinatos - cf. Mt 5.21,22); 2. “não se ponha o sol sobre a vossa ira” (sugere que se o ressentimento não for rapidamente sanado, a ira levará à amargura e à destruição dos relacionamentos); e, 3. “não deis lugar ao Diabo” (previne indiretamente que a ira pode facilmente abrir uma porta de oportunidade para o Diabo, dando-lhe lugar para operar. Todavia, há uma ira que é justa, tal como a que vemos em nosso Senhor (Mc 3.5; Jo 2.13-17), porém Sua ira nunca O levou a pecar, porque mantinha Suas emoções sob perfeito controle. O cristão deve estar certo de que sua ira provém de justa indignação, e que não exprime apenas provocação pessoal ou orgulho ferido. Não deve possuir motivos pecaminosos, nem permitir que o leve de qualquer ao pecado.


6. “sem furtar” (v.28). O 8º mandamento da lei é: “Não furtarás”. Esta lei tinha uma ampla aplicação: furto ou roubo do dinheiro de outras pessoas; sonegação de impostos e truques diversos; empregadores que furtam aos empregados o pagamento do que lhes é devido; e, empregados que furtam do patrão o trabalho, realizando serviço inferior e em horas subtraídas. Assim como naqueles dias, todas essas implicações ainda devem prevalecer sobre nossas vidas, já que somos nova criatura. E, quem furtava deve largar tal prática, e passar a trabalhar honestamente, para ter o seu sustento, e poder acudir aos necessitados, quando solicitado. Isto é cristianismo em prática!


7. “sem nenhuma palavra torpe” (v.29). “Torpe” (gr. “sapros”) é uma palavra que se empregava para peixes podres e frutos podres. A palavra “torpe” é a conversa podre, que espalha podridão, é como um mau fruto; e além de não ter valor algum ainda leva outros a pensarem naquilo que nenhum valor tem. Estas palavras baixas, chulas, contaminadas pelo jargão mundano, devem dar lugar a palavras que sejam “boas para a edificação”. Ainda devem ser palavras “conforme a necessidade”, ou seja, palavras adequadas para a ocasião. “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo” (Pv 25.11). Assim como o “peixe podre” a palavra torpe cria um mal estar ao redor de quem a profere, e também exala péssimo odor.


8. “sem entristecer o Espírito Santo” (v.30). “Entristecer” (gr. “lupeõ”) é causar tristeza, dor, aflição. E como poderíamos fazer isso? Pela falta de santidade (uma vez que Ele é Santo), e pela falta de unidade (porque Ele é “um só Espírito” – Ef 2.18). O desprezar sentido pelo Espírito Santo de Deus ante as ações humanas erradas é representado pela tristeza aflitiva que os mesmos seres humanos experimentam. Lembremos ainda que este estado é progressivo, pois o Espírito Santo pode ainda ser “apagado” (1 Ts 5.19) e “retirado” (Sl 51.11; 1 Sm 16.14). Como novo homem devemos viver em harmonia e sintonia espiritual com o Espírito Santo, mas como: ouvindo-O, obedecendo-O, esperando nEle; e alegrando-nos nEle.


9. “longe da amargura e cólera” (v.31). Paulo dá uma lista de coisas que não devem nos acompanhar. Ei-las, segundo o sentido grego original:


a) amargura (gr. “pkiria”) – um espírito azedo, uma disposição dura, um espírito ressentido que recusa reconciliação;

b) cólera (gr. “thymos”) – uma fúria descontrolada, explosões de furor;

c) ira (gr. “orge”) – uma hostilidade constante, mais firmada e sombria;

d) gritaria (gr. “krauge”) – pessoas que erguem a voz, ficam altercadas, e começam a gritar, até mesmo a berrar, uma contra as outras;

e) blasfêmias (gr. “blasphemia) – falar mal dos outros, especialmente pelas costas, difamando e destruindo sua reputação;

f) malícia (gr. “kakia”) – má vontade, tramando e desejando o mal contra as pessoas.


Desta lista “terrível” devemos fugir, correr mesmo, espavorido de medo, de qualquer uma delas.


10. “perdoando-vos uns aos outros” (v.32). Paulo volta à característica predominante do cristão, e que o faz ser tão diferente dos gentios ímpios: a capacidade de suportar e de perdoar. “Perdoando-vos” (gr. “karizomenoi”) é agindo com graça uns para com os outros, assim como Deus em Cristo agiu com graça para conosco. É o amor na prática, é a disposição mental que faz com que pensemos nos interesses dos outros como se fossem nossos próprios. É tratar graciosamente uns aos outros (Cl 3.13). O exemplo e motivo supremos para tais atitudes estão em Cristo (2 Co 5.19). Devemos nos lembrar de que quem não está perdoando não pode receber o perdão de Deus (Mt 6.12,14; 18.21-35).


Conclusão: Meu desejo sincero é que esta postagem sirva para nos ajudar a andar diferente dos gentios, ao invés de ser mais uma lista de coisas a serem feitas. Que ela faça ao coração da família de Deus tão bem quanto fez ao meu!


terça-feira, 13 de julho de 2010

A GRAÇA DE DEUS TRANSFORMA TRAGÉDIAS EM TRIUNFOS [FINAL]


Transformando tragédias em triunfos segundo as atitudes de Noemi e suas noras



1. Retornar o caminho outrora percorrido, a fim de corrigir os erros (Rt 1.7). Após ter recebido uma força motriz advinda da parte do Senhor no momento em que ouviu o que Ele fazia na sua terra, Noemi levantou-se, e juntamente com ela, suas noras, pelo que, saiu dos campos de Moabe (Rt 1.6,7) - lugar onde estivera por quase um decênio (Rt 1.4) -, e caminhou para voltar à terra de Judá.



A atitude de Noemi ensina-nos que, precisamos retornar pelo caminho que outrora percorremos quando estávamos sendo guiados pelas nossas vontades. Isso nos dá a entender que, devemos voltar e consertar os erros que foram cometidos nas decisões e atitudes que outrora tomamos, pois somente desta maneira podemos desfrutar as benesses que a graça de Deus nos concede. Se desejarmos que Deus restaure alguma área da nossa vida, que fora prejudicada por causa do nosso comportamento, faz-se necessário empreender esta atitude. Em outras palavras, a ação de retornar pelo caminho outrora percorrido é reconhecermos nossos erros, não impingi-los em outras pessoas, abandoná-los e confessarmos nossas faltas não somente a Deus, mas também ao nosso próximo (Tg 5.16).



O cristão deve pedir perdão às pessoas com quem erra na caminhada, independente do cargo eclesiástico que ocupa. Aliás, obreiros (apóstolos, profetas, evangelistas, pastores, mestres ou doutores) também erram. Mas, há alguns que dizem que nunca erram e sempre transfere os seus erros para outros, pressionando o ofendido a pedir perdão publicamente para que ele (o ofensor) seja sempre inocente e vítima de maus tratos e insultos.



Precisamos pedir perdão sempre que for necessário, como também devemos ir pedir perdão a quem tem alguma coisa contra nós, senão o nosso culto a Deus passa a ser sem sentido (Mt 5.23-24) e da mesma maneira devemos perdoar quem nos ofendeu (Mt 5.44-45; 18.21,22; Ef 4.32), seja pai, mãe, filho, esposo (a), pastor, irmão em Cristo, ou todo e quaisquer ser humano.



A bem da verdade, muitos não querem retornar o caminho porque (1) causa dor; porém, essa dor gera arrependimento, nos cura e aperfeiçoa o nosso caráter (2 Co 7.10); (2) leva-nos a passar por humilhações diante de Deus e diante dos homens; e, (3) leva tempo para recuperarmos a credibilidade que um adquirimos. Por esta razão, de um modo geral, os homens preferem continuar no erro em vez de retornar pelo caminho que percorreu. Aprendamos com Noemi a refazer o caminho; com o proverbista e com o apóstolo João a confessar e abandonar nossas transgressões (Pv 28.13; 1 Jo 1.9); com o profeta das lágrimas, isto é, Jeremias, à se humilhar na presença de Deus para que Ele transforme as tragédias (Lm 5.21); com Davi à assumirmos que pecamos (Sl 51.4); e, com o conselho de Jesus, à lembrarmos onde caímos, e arrependermos, e voltarmos à pratica das primeiras obras (Ap 2.5a).



2. Perseverança ante as contrariedades da vida (Rt 1.16,17). A perseverança é uma virtude que se adquire nos momentos de tribulação (Rm 5.3). Aliás, todos nós passamos por tribulações, mas nem todos são perseverantes durante a mesma. Uns, desistem no meio do caminho, devido às diversas contrariedades que surgem a cada passo que é dado em direção ao centro da vontade de Deus. Outros, voltam para o local do qual o Senhor já havia lhe tirado, encerrando dessa maneira sua História de Vida. Decerto, para os que retrocedem tudo se acaba, mas para aqueles que prosseguem para o alvo sempre haverá um escape, ainda que quão grande seja a sua labuta. Saibamos que, Deus não tem prazer naqueles que retrocedem (Hb 10.38).



Por falar em retrocesso, a vida de Orfa, nora de Noemi, é um retrato que permanece vívido e atual na História, o qual comunica uma mensagem nítida da sua reação quando sua sogra disse a ela e também para Rute as dificuldades que iriam ter de vivenciar, caso desejassem seguir adiante. Noemi falou que não tinha mais filhos para lhes dar (Rt 1.11), isto é, relatou que não tinha o que elas precisavam de imediato para garantir suas subsistências; disse também, que, já era muito velha para ter marido (Rt 1.12a), ou seja, sua perspectiva para solucionar imediatamente o problema era nula; continuou dizendo, que, ainda que tivesse marido, ou ainda que tivesse filhos, teriam de esperá-los até ser grandes e se guardarem para ele sem tomar marido (Rt 1.12b, 13).



Com essa questão que fora proposta por Noemi, suas noras, Rute e Orfa, se quisessem ter suas vidas restauradas deveriam proceder da seguinte maneira: saber esperar um bom tempo; renunciar a si mesma e recusar qualquer proposta de casamento, para aguardar o filho que supostamente viria do ventre de Noemi.



Ora, de fato, quando não temos os meios necessários para sanar nossas intempéries, quando as esperanças e as perspectivas de mudanças são remotas, quando temos de esperar o tempo para recebermos aquilo que tanto queríamos, além disso, ainda termos de renunciar a si mesmo e coisas que nos agradam, realmente, pensamos em parar, ou retroceder, como fez Orfa. Mas, ainda que tudo conspire contra uma possível restauração, nós - que andamos por fé e não por vista (2 Co 5.8) –, devemos ir avante, crendo que Deus proverá. Aliás, porque não parou no meio da caminhada nem retrocedeu, mas, antes, persistiu em continuar labutando pela sua restauração ao lado daquela que aparentemente não tinha nada para lhe oferecer, Rute pode experimentar o que jamais aqueles que desistem experimentam, a saber: coisas além daquilo que pedimos ou pensamos (Ef 3.20).



3. Estabelecer-se no centro da vontade de Deus (Rt 1.19). Depois de uma longa caminhada, Noemi e Rute, chegaram a Belém de Judá, local que deveriam sempre estar, pois ali era a vontade de Deus para Noemi e para todos os que o acompanhavam. A partir de então, começava uma nova vida para elas. E quem vive uma nova vida, que hoje só é obtida por meio de Cristo (2 Co 5.17), deve manifestar um comportamento que coadune com os padrões estabelecidos por Deus na sua palavra, os quais são totalmente antagônicos ao sistema proposto por esta geração perversa (At 2.40), a qual está sob a tutela do príncipe deste mundo (Jo 14.30).



A vida cristã, para que seja saudável, deve estar estabelecida na vontade do Senhor. Mas, estabelecer-se na Sua vontade não é tão simplório. Isso requer de nós que apresentemo-nos a Deus em sacrifício vivo, santo e agradável (Rm 12.1), pois sem tais qualificações torna-se impossível aproximar-se de Deus, prestar serviço (culto) a Ele e receber dEle a revelação da Sua vontade. É necessário também, que sejamos transformados pelo Espírito do Senhor (2 Co 3.18), que tenhamos o nosso entendimento renovado, e que não aceitemos o sistema de vida que o presente século tenta impor sobre nós (Rm 12.2).



Viver na vontade de Deus contraria a nós mesmos e a muitos que querem propor os ditames que devemos seguir. Na maioria das vezes significa perder coisas que gostamos. Por exemplo, determinadas amizades que alimentam mais as nossas fraquezas do que as nossas virtudes e nos influenciam mais do que as influenciamos; deixar de ir a certos lugares por causa dos compromissos com o Reino de Deus; deixar de assistir algumas programações televisivas, principalmente os canais abertos, que contribui para a deturpação do caráter do telespectador, e que faz apologia a toda sorte de práticas pecaminosas, que em nada edificam o cristão etc.



Certamente, não há triunfo para aqueles que querem fazer a sua própria vontade, e sim tragédias. No entanto, aqueles que procuram viver em Cristo e na Sua vontade, sairão da tragédia para o triunfo.



4. Ter o Redentor na vida (Rt 2.1). As tragédias que ocorreram na vida de Noemi e de Rute só foram transformadas em triunfo porque elas encontraram o Remidor (Rt 2.20), cujo nome era Boaz (significa “força” ou “nele há força”), o qual foi capaz de suscitar gratuitamente o nome dos falecidos Elimeleque, Malom e Quiliom (Rt 4.9,10), e retirar Rute e Noemi do caos em que viviam, dando-lhe de volta a oportunidade de construir uma História, que culminaria no nascimento do Redentor por excelência (Mt 1.5). “Em quem temos a redenção pelo seu sangue, à remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça” (Ef 1.7). Através dEle recebemos o Espírito de Deus, o qual testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. “E, se nós somos filhos, somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo” [...] (Rm 8.17).



Se tivermos o Remidor, se vivermos nEle e por Ele, não há tragédias que Ele não possa transformar em triunfo, pois em Suas mãos está o poder de transformar o pranto em folguedo (Sl 30.11), tal como, a tristeza em alegria.



Conclusão. Vimos que o homem quando está fora do propósito de Deus, fora da Sua vontade proporciona inúmeras tragédias, mas quando este abandona as práticas ilícitas, refazendo o caminho, perseverando em obedecer a Deus e a sua palavra, estabelecendo-se no centro da Sua vontade, bem como, deixando que Cristo, o Remidor, governe a sua vida. Com certeza, não haverá barreiras que O impeça de transformar as nossas vidas e nossas causas em triunfo para a glória de Deus Pai.

A GRAÇA DE DEUS TRANSFORMA TRAGÉDIAS EM TRIUNFOS [2]



Segundo. Elimeleque, diante da adversidade foi procurar refúgio em terra estranha e, comesta decisão, não expressou em atitudes a confiança que dizia e que deveria ter no Senhor, pois o seu nome significa “Jeová é Rei”, logo, a sua vida e a sua conduta deveriam demonstrar que Jeová era quem governava a sua vida, a nação de Israel e as demais coisas.



A vida daquele que entrega a sua vida a Deus deve ser de total confiança a Ele (Sl 37.5). Mas, alguns de nós, enveredamos pelo desejo do nosso coração, e rejeitamos indiretamente a ajuda do Senhor (Hb 13.6), dAquele que é o nosso socorro nos momentos de angústia (Sl 46.1). Procuramos deliberadamente a ajuda do homem, ou a autoajuda, em detrimento de buscar a Deus em oração e nEle a solução para nossos anseios. De fato, em dados momentos, chegamos a pensar que o homem poderá resolver nossas questões,. Às vezes, porque conhecemos alguém influente, pensamos que estes farão aquilo que precisamos. Na verdade, não farão! A solução não está nas mãos deles. O poder pertence a Deus (Sl 62.11)! Ao contrário do Senhor, que não muda, o homem é como uma veste que envelhece, como roupa é modificado (Sl 102.26), assemelha-se à vaidade, pois “os seus dias são como a sombra que passa” (Sl 144.4). No homem, não há salvação! “Sai-lhes o espírito, e eles tornam para sua terra; naquele mesmo dia, perecem os seus pensamentos. Feliz aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio e cuja esperança está posta no Senhor, seu Deus” (Sl 146.3,4). Por isso, não devemos guerrear nossas guerras com as armas carnais nem colocar a confiança em homens, mas no Todo-Poderoso (Sl 62.1). O braço em que devemos confiar não pode ser de carne. O Senhor, nosso Deus, com seus braços e mãos estendidos deseja nos ajudar (2 Cr 32.8). “Confiemos nele, ó povo, em todos os tempos; derramai perante ele o vosso coração; Deus é o nosso refúgio (Sl 62.8);



Terceiro. Transgrediu o mandamento divino indo peregrinar (heb. “ger” é um residente permanente, outrora cidadão de outra terra, que se mudara para sua nova residência mediante autorização obtida por contrato firmado com habitantes do país que o habilitava circular livremente e desfrutar dos direitos de cidadão) nos campos de Moabe, algo que foi peremptoriamente proibido por Deus (Dt 1.31; 23.3-6). A atitude de Elimeleque teve como escopo aproveitar as terras férteis de Moabe, que eram bem irrigadas pelos diversos vaus que cortavam a região, que, combinados a bons índices de chuvas, ora não ocorridas em Israel, proporcionaria grande produção agrícola e, por conseguinte, de onde se extrairia o sustento para sua casa. Porém, não levou em consideração que os moabitas, descendentes de Ló (Gn 19.36,37), era um povo idólatra, que adorava ao deus Camos (1 Rs 11.7,33), cujo culto era regrado a prostituição religiosa e sacrifícios de seres humanos (2 Rs 3.26,27; cf. 2 Rs 23.19 ) – coisa abominável aos olhos do Senhor - nem tampouco percebeu que para chegar a Moabe haveria que percorrer entre 110 a 160 quilômetros num período de aproximadamente uma semana – de acordo com o percurso sugerido na época -, tempo mais que suficiente para Deus providenciar o seu sustento. Não obstante à tudo isso, é bem provável que as lembranças das antigas e recentes hostilidades impingidas pelos moabitas a Israel no período dos juízes que, sob a liderança de Eglom, rei dos moabitas, invadiu e subjugou uma grande parte do território de Israel por dezoito anos (Jz 3.12-14), não estivessem completamente apagadas da memória de sua família. Todavia, Elimeleque permaneceu aferrado na sua desobediência, sem saber que a morte estava à espreita.



Este erro de Elimeque tem se tornado costumeiro nos dias hodiernos. Infelizmente, existem homens no Reino de Deus que nos momentos de dificuldades, ou quando premidos pelo ardor da batalha, acabam vendendo-se, vendendo os outros e, por conseguinte, os princípios inegociáveis do Reino de Deus. Aliás, fazem isso desejando mudar sua condição de vida para melhor. Abrem sociedade com aquilo que antes consideravam atrocidade, sujeitam-se a concordar com tudo que lhe é imposto pelos tiranos que se infiltram na obra do Senhor para fazer do povo de Deus massa de manobra e, assim , conquistarem seus objetivos egocêntricos e escusos. No entanto, não levam em consideração que estão comprometendo seu coração com a corrupção, e que deverão, a partir de então, condescender com aquilo que é condenado por Deus e por Sua palavra.



Os homens que agem dessa maneira dão largos passos em direção à queda, à bancarrota, pois acreditam que seus próprios passos os levarão a solucionar os seus quexumes, em vez de permanecer firmemente na posição em que Deus lhe pôs. E, tentar resolver pendências procurando subvenções em lugares expressamente proibidos pelo Senhor, ou em situações comprometedoras, a fim de não vivernciar as contrariedades da vida, leva mais tempo do que permanecer esperando a providência divina chegar. Ademais, assim como Elimeleque, estamos sendo atraidos pela aparência das coisas, e achamos que viveremos bem num determinado local por causa das prerrogativas que esta nos oferece. Asseveramos que seremos bem-sucedidos naquilo que achamos melhor para nós. Porém, essas conjecturas são enganosas. Vigiemos, as aparências enganam! Por causa da aparência, um profeta de Deus quase ungiu a pessoa errada, para ser rei sobre Israel (1 Sm 16.7). Mas Deus que conhece o coração do homem interveio na causa para dar o fim conforme o beneplácito de sua vontade, e o profeta ouviu a voz do Senhor, obedeceu a Sua ordem e jamais permaneceu renitente aos seus desejos, antes cedeu o seu desejo à vontade de Deus, o que evitou um grande erro irreparável. Façamos igual, e não sejamos contumazes em nossos desejos como fez Elimeleque;



Quarto. Elimeleque, o belemita, negligenciou a sua família, porque com tais atitudes supramencionadas, as quais foram ensejadas e praticadas por ele, colocava a sua casa à beira de um precipício.



São inúmeros os casos de pessoas que colocam sua família em risco porque têm um padrão de vida desregrado, descabido e inconsequente. Os tais, querendo satisfazer a si próprio, não pensam que seus familiares sofrerão danos por causa de suas ações. Agem às ocultas, escondem de seus familiares suas atitudes e decisões. Usam da autoridade para que seus ideais prevaleçam. Porém, quando as tragédias vêm à tona, são os seus familiares que, na maioria das vezes, têm de sustentar as consequências das imprudências de um desavisado. Nós, cristãos, não podemos pensar que cuidar da família é apenas sustentá-la, ou dar um bom conforto. É muito mais do que isso, inclusive, evitar tragédias que os envolvam. Então, procuremos agir conforme os padrões bíblicos com a nossa família, evidenciando que conhecemos as Escrituras e o poder de Deus, pois aquele que não cuida da sua família nega a fé e é pior do que os infiéis (1 Tm 5.8).



É bem provável que Elimeleque tenha imaginado que o caminho que escolhera para prosseguir era bom, como às vezes nós pensamos. No entanto, por trilhar os seus próprios caminhos em detrimento aos caminhos do Senhor acabou conhecendo a morte numa terra estranha, como o salário dos seus erros e tornou real na sua vida o que diz a Palavra da Verdade: "Há caminho que parece direito ao homem, mas o seu fim são os caminhos da morte" (Pv 16.25; cf. Rm 6.23).



Após a morte de Elimeleque, seus filhos Malom e Quiliom, ancorados no contexto cultural da época, tornaram-se os mantenedores da viúva e também mãe Noemi, mesmo casados respectivamente com as moabitas Rute e Orfa (Rt 1.4; cf. 4.10), o que provavelmente aconteceu antes da morte de seu pai, porque a cultura do oriente atribuía principalmente ao pai a incumbência de arrumar um casamento para os filhos (Gn 21.21; 24). Contudo, o casamento dos filhos de Noemi, eram casamentos mistos, algo considerado uma violação do estatuto divino (Êx 34.16; Dt 7.30), erro que tornou a ser cometido pelos judeus no período pós-exílio babilônico (Ed 9.1,2; Ne 13.23) e terminantemente condenado pelo apóstolo Paulo no neotestamento (2 Co 6.14-18).



Ao que parece, a tragédia repousava sobre a família belemita e a morte não se apartava deles, pois a mesma repentinamente irrompeu a casa da família israelita e desta vez arrebatou os dois filhos de Noemi (Rt 1.5), deixando-a desamparada por seus dois filhos e por seu marido, o que representava para ela perda de posição social, política e, mormente, econômica. Em termos atuais, a situação de Noemi seria comparável a dos sem-teto que perambulam pelas ruas de nosso país.



É inequívoco que o infortúnio que grassava a vida de Noemi numa terra longínqua da sua pátria tenha deixado sua alma ferida, dorida, extenuada e combalida. Essa situação parece inverossímel. Mas, o caso, certamente, era enervante! Indubitavelmente, as forças e a esperança de Noemi esvaíram-se. Todavia, o que estava vivenciando era lei da ceifa (Gl 6.7,8). Colhia os frutos de erros passados, ou porque praticou boa parte deles, ou porque se omitiu perante os erros que vislumbrava na sua casa, ou porque foi condescendente com os pecados de seu marido e de seus filhos. Ainda assim, não entendia o que estava acontecendo. Não obstante, diante dessa trágica e aparente insolúvel circunstância, restou a Noemi transferir para Deus a causa da sua aflição, dizendo: “Porquanto a mão do Senhor se descarregou sobre mim” (Rt 1.13b; cf. 1.20,21), como muitos em nossos dias verberam. Mas, na verdade, a culpa era única e exclusivamente de sua família.



Mediante os fatos, Noemi e suas noras viviam como se estivessem num túnel obscuro, sombrio, abafadiço, que parecia não ter fim. Assim como nós, devem ter feito perguntas a si mesmo, tais como: o que vou fazer? O que será da minha vida, agora? Quiçá tenham pensado que não tinham como sair daquela situação e que suas vidas tinham chegado ao ocaso. Entretanto, uma luz raiou em meio às densas trevas quando Noemi ouviu que o Senhor tinha visitado o seu povo dando-lhe pão (Rt 1.6b).



Tudo na vida do ser humano começa a ter uma mudança para melhor a partir do momento em que ele ouve e pratica a palavra de Deus. Com certeza, esse fato de ouvir coisas advindas do Senhor vivificou a esperança de Noemi e fortaleceu a sua fé, porque quando alguém ouve algo da parte de Deus, isso resulta em fé (Rm 10.17). Mas como a fé sem obras é morta (Tg 2.26), o ocorrido requereu de Noemi e de suas noras algumas atitudes, a fim de que as tragédias que lhes ocorreu se transformassem em triunfo, através da graça de Deus.

A GRAÇA DE DEUS TRANSFORMA TRAGÉDIAS EM TRIUNFOS [1]


“E sucedeu que nos dias em que os juízes julgavam, houve fome na terra; pelo que um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele, e sua mulher, e seus dois filhos. E era o nome deste homem Elimeleque, e o nome de sua mulher, Noemi, e os nomes de seus dois filhos, Malome e Quiliom, efrateus, de Belém de Judá; e vieram aos campos de Moabe e ficaram ali. E morreu Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com seus dois filhos, os quais tomaram para si mulheres moabitas; e era onome de uma Orfa, e o nome da outra, Rute; e ficaram ali quase dez anos. E morreram também ambos, Malom e Quiliom, ficando assim esta mulher desamparada dos seus dois filhos e de seu marido” (Rt 1.1-5)

I. Introdução

O livro de Rute, apesar de não ser tanto explorado pelos expoentes da Palavra de Deus - como muitos asseveram -, quando é descortinado pelos amantes, estudiosos e pesquisadores da Bíblia que a consideram o manual de fé, regra e prática de vida, encontra-se nele uma fonte de riquezas eternas, um manancial de águas vivas a fluir para a igreja contemporânea e a sociedade em geral, a fim de lhes suprir as necessidades existenciais, e transformar vidas ressequidas pelo pecado numa terra fértil que produz frutos dignos de arrependimento e que glorificam a Deus. Estas veracidades norteiam as pouquíssimas páginas do estimável livro bíblico em alusão, que, por seu turno, evidencia a providência de Deus pela manifestação da Sua graça restauradora na vida das pessoas e por meio delas, invalidando quaisquer que sejam seus antecedentes.

Acerca deste assunto, a biografia de Noemi e de Rute - eminentes personagens desse livro - é um exemplo cabal, pois contém uma autêntica e inteligível obra da graça divina. No entanto, na biografia de outros personagens bíblicos não é tão fácil perceber isso, haja vista ter de fazer um estudo acurado a respeito do personagem. Há diversos casos como tal nas Sagradas Escrituras. Por exemplo, dentre os cinco últimos versículos aduzidos pelo aludido livro - de que tratam da genealogia de Perez (v. 18) -, o nome de Salmom (vv. 20,21) – nome que foi incutido na genealogia do Messias descrita por Mateus (Mt 1.5) e ratificado na árvore genealógica de Jesus Cristo elaborada por Lucas, onde o compilador colocou-lhe o nome de Salá (Lc 3.32) -, isto é, o filho Salmom (1 Cr 2.11), bem como a sua descendência, surgiram na História porque ambos foram beneficiados pela graça de Deus. Porém, isso está implícito no livro.

A graça do Senhor – a qual é suficiente para regenerar o homem - na vida de Salmom e da sua família tornar-se aclarada para nós quando depreendemos que este contraiu matrimônio com uma mulher que fora prostituta na cidade de Jericó, cujo nome era Raabe (Js 2.1; 6.22,23). Porém, indubitavelmente, o Senhor regenerou a vida de Raabe e deu-lhe Salmom por esposo, com quem procriou Boaz (Mt 1.5; cf. Rt 4.21), o qual "anos-luz" tornar-se-ia avô de Jessé e bisavô do rei Davi (Rt 4. 21,22).

Notemos que, nesses relatos bíblicos e, em todo o livro de Rute, tal como em outros, o Senhor, nosso Deus, deixa-nos uma lição: mediante Sua graça é possível resolver o que aparenta ser insolúvel na vida do ser humano. Além disso, com Sua ação antecipou-nos a assertiva que foi proferida séculos depois desses fatos, pela boca do apóstolo Paulo, que disse: “onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5.20). Por assim dizer, o agente responsável por transformar nossas vidas ou tragédias que ocorrem no decurso da mesma é a graça de Deus, e através desta postagem veremos como a graça de Deus restaurou a vida de Noemi e Rute.

II. Contexto Histórico

É imprescindível mencionar que, os acontecimentos ora desenvolvidos no transcurso dessa estimável história bíblica estão intrisicamente relacionados ao período dos juízes, como afirma o próprio texto (Rt 1.1a). Entrementes, nenhum estudioso logrou êxito no que tange assegurar com exatidão a qual período dos juízes tais eventos aconteceram. Todas as pesquisas permanecem hipotéticas. Nesse período, a nação de Israel já estava devidamente instalada na Terra Prometida sob a forma de governo teocrático, ou seja, o próprio Deus governava o seu povo. Todavia, o período dos juízes nos seus quase 300 anos de duração, entre aproximadamente 1350 a 1050 a.C., fora caracterizado por episódios tétricos, tais como: apostasia nacional; declínio espiritual; servidão aos povos vizinhos; guerras civis intermitentes; e, uma anarquia exacerbada. Cada qual fazia o que parecia direito aos seus olhos (Jz 17.6). Essa situação levou os israelitas ao estado de putrefação espiritual, atraindo dessa feita o juízo divino sobre eles, que ficou vívido quando a fome lhes sobreveio anunciando uma calamitosa situação.

Diz-nos às Sagradas Escrituras que, ante a escassez de alimento que permeava a nação de Israel dizimando os moradores da terra, num determinado período da teocracia, o patrício Elimeleque - natural e residente da cidade de Belém de Judá, chefe de família, casado com Noemi, com quem teve dois filhos, dos quais, o primogênito chamava-se Malom e o mais moço chamava-se Quiliom - decidiu de forma deliberada sair de Belém de Judá e peregrinar nos campos de Moabe. Tal atitude, além de fomentar tragédias, revela-nos alguns aspectos negativos de sua conduta, que servem de exemplo para nós outros de como não devemos proceder quando estivermos sitiados pelas vicissitudes da vida, a saber:


Primeiro. Porque não compreendeu que a fome era uma ferramenta que Deus utilizava para corrigir e aproximar de Si o seu povo, Elimeleque precipitou-se nas suas decisões evocando para si o mal.


Quando estamos sob pressão, vivenciando momentos dificílimos, os quais, muitas vezes, Deus nos proporciona vivenciar - como fez com o Seu Filho Primogênito (Mt 4.1) -, a fim de aperfeiçoar algumas áreas da nossa vida, à princípio não entendemos o real propósito dos revés que vivemos. E, por esta razão, somos estimulados à precipitação, a qual corrobora para que tomemos atitudes que culminam em ruínas. Na verdade, quem se precipita peca (Pv 19.2) e o pecado produz ruínas (Rm 6.23). No entanto, a palavra do Senhor aconselha-nos a não sermos precipitados (Ec 5.2). Aliás, há diversos exemplos na bíblia de homens que se prejudicaram por causa da precipitação. A título de exemplo, Moisés é um deles, pois se precipitou ao fazer justiça com as próprias mãos (Ex 2.11-14). Sara, precipitou-se ao gerenciar o problema do seu jeito (Gn 16.2). O profeta Jonas precipitou-se ao fugir para Társis, pensando que iria conseguir fugir da face do Senhor (Jn 1.3).


Ora, diversas vezes sofremos prejuízos porque não compreendemos que algumas situações específicas são essências para forjar o nosso caráter. Porém, não queremos vivenciá-las. E, por isso, agimos precipitadamente. Mas, depois, ficamos a dizer: "quem dera se pudéssemos voltar atrás depois de empreendermos uma ação precipitada"! Mas, como não é possível... Ficamos apenas na vontade. Contudo, quem se precipita nas ações do dia a dia traz ruínas para si e provavelmente ocasionará problemas para outras pessoas. Então, evitemos à precipitação e, assim, estaremos evitando tragédias.