terça-feira, 13 de julho de 2010

A GRAÇA DE DEUS TRANSFORMA TRAGÉDIAS EM TRIUNFOS [2]



Segundo. Elimeleque, diante da adversidade foi procurar refúgio em terra estranha e, comesta decisão, não expressou em atitudes a confiança que dizia e que deveria ter no Senhor, pois o seu nome significa “Jeová é Rei”, logo, a sua vida e a sua conduta deveriam demonstrar que Jeová era quem governava a sua vida, a nação de Israel e as demais coisas.



A vida daquele que entrega a sua vida a Deus deve ser de total confiança a Ele (Sl 37.5). Mas, alguns de nós, enveredamos pelo desejo do nosso coração, e rejeitamos indiretamente a ajuda do Senhor (Hb 13.6), dAquele que é o nosso socorro nos momentos de angústia (Sl 46.1). Procuramos deliberadamente a ajuda do homem, ou a autoajuda, em detrimento de buscar a Deus em oração e nEle a solução para nossos anseios. De fato, em dados momentos, chegamos a pensar que o homem poderá resolver nossas questões,. Às vezes, porque conhecemos alguém influente, pensamos que estes farão aquilo que precisamos. Na verdade, não farão! A solução não está nas mãos deles. O poder pertence a Deus (Sl 62.11)! Ao contrário do Senhor, que não muda, o homem é como uma veste que envelhece, como roupa é modificado (Sl 102.26), assemelha-se à vaidade, pois “os seus dias são como a sombra que passa” (Sl 144.4). No homem, não há salvação! “Sai-lhes o espírito, e eles tornam para sua terra; naquele mesmo dia, perecem os seus pensamentos. Feliz aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio e cuja esperança está posta no Senhor, seu Deus” (Sl 146.3,4). Por isso, não devemos guerrear nossas guerras com as armas carnais nem colocar a confiança em homens, mas no Todo-Poderoso (Sl 62.1). O braço em que devemos confiar não pode ser de carne. O Senhor, nosso Deus, com seus braços e mãos estendidos deseja nos ajudar (2 Cr 32.8). “Confiemos nele, ó povo, em todos os tempos; derramai perante ele o vosso coração; Deus é o nosso refúgio (Sl 62.8);



Terceiro. Transgrediu o mandamento divino indo peregrinar (heb. “ger” é um residente permanente, outrora cidadão de outra terra, que se mudara para sua nova residência mediante autorização obtida por contrato firmado com habitantes do país que o habilitava circular livremente e desfrutar dos direitos de cidadão) nos campos de Moabe, algo que foi peremptoriamente proibido por Deus (Dt 1.31; 23.3-6). A atitude de Elimeleque teve como escopo aproveitar as terras férteis de Moabe, que eram bem irrigadas pelos diversos vaus que cortavam a região, que, combinados a bons índices de chuvas, ora não ocorridas em Israel, proporcionaria grande produção agrícola e, por conseguinte, de onde se extrairia o sustento para sua casa. Porém, não levou em consideração que os moabitas, descendentes de Ló (Gn 19.36,37), era um povo idólatra, que adorava ao deus Camos (1 Rs 11.7,33), cujo culto era regrado a prostituição religiosa e sacrifícios de seres humanos (2 Rs 3.26,27; cf. 2 Rs 23.19 ) – coisa abominável aos olhos do Senhor - nem tampouco percebeu que para chegar a Moabe haveria que percorrer entre 110 a 160 quilômetros num período de aproximadamente uma semana – de acordo com o percurso sugerido na época -, tempo mais que suficiente para Deus providenciar o seu sustento. Não obstante à tudo isso, é bem provável que as lembranças das antigas e recentes hostilidades impingidas pelos moabitas a Israel no período dos juízes que, sob a liderança de Eglom, rei dos moabitas, invadiu e subjugou uma grande parte do território de Israel por dezoito anos (Jz 3.12-14), não estivessem completamente apagadas da memória de sua família. Todavia, Elimeleque permaneceu aferrado na sua desobediência, sem saber que a morte estava à espreita.



Este erro de Elimeque tem se tornado costumeiro nos dias hodiernos. Infelizmente, existem homens no Reino de Deus que nos momentos de dificuldades, ou quando premidos pelo ardor da batalha, acabam vendendo-se, vendendo os outros e, por conseguinte, os princípios inegociáveis do Reino de Deus. Aliás, fazem isso desejando mudar sua condição de vida para melhor. Abrem sociedade com aquilo que antes consideravam atrocidade, sujeitam-se a concordar com tudo que lhe é imposto pelos tiranos que se infiltram na obra do Senhor para fazer do povo de Deus massa de manobra e, assim , conquistarem seus objetivos egocêntricos e escusos. No entanto, não levam em consideração que estão comprometendo seu coração com a corrupção, e que deverão, a partir de então, condescender com aquilo que é condenado por Deus e por Sua palavra.



Os homens que agem dessa maneira dão largos passos em direção à queda, à bancarrota, pois acreditam que seus próprios passos os levarão a solucionar os seus quexumes, em vez de permanecer firmemente na posição em que Deus lhe pôs. E, tentar resolver pendências procurando subvenções em lugares expressamente proibidos pelo Senhor, ou em situações comprometedoras, a fim de não vivernciar as contrariedades da vida, leva mais tempo do que permanecer esperando a providência divina chegar. Ademais, assim como Elimeleque, estamos sendo atraidos pela aparência das coisas, e achamos que viveremos bem num determinado local por causa das prerrogativas que esta nos oferece. Asseveramos que seremos bem-sucedidos naquilo que achamos melhor para nós. Porém, essas conjecturas são enganosas. Vigiemos, as aparências enganam! Por causa da aparência, um profeta de Deus quase ungiu a pessoa errada, para ser rei sobre Israel (1 Sm 16.7). Mas Deus que conhece o coração do homem interveio na causa para dar o fim conforme o beneplácito de sua vontade, e o profeta ouviu a voz do Senhor, obedeceu a Sua ordem e jamais permaneceu renitente aos seus desejos, antes cedeu o seu desejo à vontade de Deus, o que evitou um grande erro irreparável. Façamos igual, e não sejamos contumazes em nossos desejos como fez Elimeleque;



Quarto. Elimeleque, o belemita, negligenciou a sua família, porque com tais atitudes supramencionadas, as quais foram ensejadas e praticadas por ele, colocava a sua casa à beira de um precipício.



São inúmeros os casos de pessoas que colocam sua família em risco porque têm um padrão de vida desregrado, descabido e inconsequente. Os tais, querendo satisfazer a si próprio, não pensam que seus familiares sofrerão danos por causa de suas ações. Agem às ocultas, escondem de seus familiares suas atitudes e decisões. Usam da autoridade para que seus ideais prevaleçam. Porém, quando as tragédias vêm à tona, são os seus familiares que, na maioria das vezes, têm de sustentar as consequências das imprudências de um desavisado. Nós, cristãos, não podemos pensar que cuidar da família é apenas sustentá-la, ou dar um bom conforto. É muito mais do que isso, inclusive, evitar tragédias que os envolvam. Então, procuremos agir conforme os padrões bíblicos com a nossa família, evidenciando que conhecemos as Escrituras e o poder de Deus, pois aquele que não cuida da sua família nega a fé e é pior do que os infiéis (1 Tm 5.8).



É bem provável que Elimeleque tenha imaginado que o caminho que escolhera para prosseguir era bom, como às vezes nós pensamos. No entanto, por trilhar os seus próprios caminhos em detrimento aos caminhos do Senhor acabou conhecendo a morte numa terra estranha, como o salário dos seus erros e tornou real na sua vida o que diz a Palavra da Verdade: "Há caminho que parece direito ao homem, mas o seu fim são os caminhos da morte" (Pv 16.25; cf. Rm 6.23).



Após a morte de Elimeleque, seus filhos Malom e Quiliom, ancorados no contexto cultural da época, tornaram-se os mantenedores da viúva e também mãe Noemi, mesmo casados respectivamente com as moabitas Rute e Orfa (Rt 1.4; cf. 4.10), o que provavelmente aconteceu antes da morte de seu pai, porque a cultura do oriente atribuía principalmente ao pai a incumbência de arrumar um casamento para os filhos (Gn 21.21; 24). Contudo, o casamento dos filhos de Noemi, eram casamentos mistos, algo considerado uma violação do estatuto divino (Êx 34.16; Dt 7.30), erro que tornou a ser cometido pelos judeus no período pós-exílio babilônico (Ed 9.1,2; Ne 13.23) e terminantemente condenado pelo apóstolo Paulo no neotestamento (2 Co 6.14-18).



Ao que parece, a tragédia repousava sobre a família belemita e a morte não se apartava deles, pois a mesma repentinamente irrompeu a casa da família israelita e desta vez arrebatou os dois filhos de Noemi (Rt 1.5), deixando-a desamparada por seus dois filhos e por seu marido, o que representava para ela perda de posição social, política e, mormente, econômica. Em termos atuais, a situação de Noemi seria comparável a dos sem-teto que perambulam pelas ruas de nosso país.



É inequívoco que o infortúnio que grassava a vida de Noemi numa terra longínqua da sua pátria tenha deixado sua alma ferida, dorida, extenuada e combalida. Essa situação parece inverossímel. Mas, o caso, certamente, era enervante! Indubitavelmente, as forças e a esperança de Noemi esvaíram-se. Todavia, o que estava vivenciando era lei da ceifa (Gl 6.7,8). Colhia os frutos de erros passados, ou porque praticou boa parte deles, ou porque se omitiu perante os erros que vislumbrava na sua casa, ou porque foi condescendente com os pecados de seu marido e de seus filhos. Ainda assim, não entendia o que estava acontecendo. Não obstante, diante dessa trágica e aparente insolúvel circunstância, restou a Noemi transferir para Deus a causa da sua aflição, dizendo: “Porquanto a mão do Senhor se descarregou sobre mim” (Rt 1.13b; cf. 1.20,21), como muitos em nossos dias verberam. Mas, na verdade, a culpa era única e exclusivamente de sua família.



Mediante os fatos, Noemi e suas noras viviam como se estivessem num túnel obscuro, sombrio, abafadiço, que parecia não ter fim. Assim como nós, devem ter feito perguntas a si mesmo, tais como: o que vou fazer? O que será da minha vida, agora? Quiçá tenham pensado que não tinham como sair daquela situação e que suas vidas tinham chegado ao ocaso. Entretanto, uma luz raiou em meio às densas trevas quando Noemi ouviu que o Senhor tinha visitado o seu povo dando-lhe pão (Rt 1.6b).



Tudo na vida do ser humano começa a ter uma mudança para melhor a partir do momento em que ele ouve e pratica a palavra de Deus. Com certeza, esse fato de ouvir coisas advindas do Senhor vivificou a esperança de Noemi e fortaleceu a sua fé, porque quando alguém ouve algo da parte de Deus, isso resulta em fé (Rm 10.17). Mas como a fé sem obras é morta (Tg 2.26), o ocorrido requereu de Noemi e de suas noras algumas atitudes, a fim de que as tragédias que lhes ocorreu se transformassem em triunfo, através da graça de Deus.

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