sábado, 3 de julho de 2010

SOBREVIVENDO À TEMPESTADE



O mundo, no mês de Abril de 2010 - especificamente nos dias 05, 06 e 07 do mês e ano supramencionados - fora notificado através de toda a imprensa sobre diversos fatos tristes, trágicos, catastróficos, fúnebres e lastimáveis que ocorreram no Estado do Rio de Janeiro, os quais foram causados pelas chuvas que sem cessar irromperam a “cidade maravilhosa”. Estou cônscio de que, esses fatos não são tão edificantes para vós se forem analisados novamente em pormenores. Além disso, não gostaria de ser como propagandista ou jornaleiro de más notícias. Por estas razões não irei difundi-los a ponto de exaurir o assunto. Porém, tornar-se necessário publicar algumas reminiscências.

Devemos considerar que essas notícias foram propagadas e, de uma maneira ou de outra, nós às ouvimos, às percebemos, e por isso ficamos mui preocupados. Não teve como coibir o noticiário. A mídia veiculou os mais diversificados casos, nos quais carros foram levados ou presos no engarrafamento pelas chuvas torrencial, muitos foram obrigados a abandonar os seus veículos e procurar um abrigo seguro, outros ficaram sem condições de ir para casa. As escolas da rede municipal e estadual, as universidades e a maior parte dos estabelecimentos da rede particular suspenderam as aulas. Vários órgãos públicos e grandes empresas, públicas e privadas, também pararam as atividades administrativas ou tornaram o ponto facultativo, porque os diversos pontos de alagamento, em todas as áreas da cidade, impediam o deslocamento de funcionários até ao trabalho. Houve várias ocorrências de deslizamento de terra, que deixaram muitas famílias desabrigadas ou que vitimaram fatalmente os afetados, levando uma dor incomensurável aos entes queridos.

Diante desse infortúnio ficamos à dizer: "meu Deus, que situação terrível"!


Dentre as notícias que nos sobreveio repentinamente, deixando-nos perplexos, existe uma notícia em especial que permeou diariamente os meios de comunicação de massa, sendo veiculada até nos momentos que são destinados para as empresas multinacionais divulgarem os seus produtos, momentos estes que denominamos de comercial ou propaganda. A tal notícia chamou a atenção de inúmeras pessoas, mexeu com minha sensibilidade, afligiu minha alma, porque a mesma referia-se a um deslizamento de terra ocorrido no dia 07 de Abril de 2010 às 22:00. Fomentado pelas chuvas, esse deslizamento de terra resultou no desabamento de aproximadamente 50 casas no morro do Bumba, no bairro Viçoso Jardim, em Niterói. Devido esta tragédia, muitas vidas foram à óbito. Pais perderam os filhos, filhos perderam os pais e familiares perderam seus entes queridos. O
s sobreviventes do local perderam todos os seus pertences, tendo de recomeçar a sua vida. Alguns corpos até hoje não foram encontrados. Segundo os peritos que estiveram no local juntamente com a defesa civil e engenheiros de construção civil, esse desabamento foi também causado porque aquele local abrigou, de 1970 até 1986, o segundo lixão de Niterói, ou seja, 25 anos atrás ali funcionava um aterro sanitário. Com a desativação do lixão no morro do Bumba, foi proibida a ocupação do local, pois o mesmo era instável para construção. Porém, por falta de fiscalização, negligência das autoridades e também do povo – ainda que seja ínfima -, foram construídas casas de alvenaria em cima do local instável. Ao invés de reprimir a ocupação irregular no antigo lixão, o poder público de forma indireta concitou a invasão. E, ao se eximir de suas responsabilidades corroborou para que danos irreparáveis ocorressem na vida de muitas pessoas, que tiveram as suas casas, ou a si mesmo encobertos pela terra misturada ao lixo pútrido, o que tornou aquele local irreconhecível. Diríamos que: "o lugar se tornou em necrópole"!

Diante desse incidente atípico, o Espírito do Senhor me fez lembrar das palavras de Jesus: “E porque me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo? Qualquer que vem a mim, e ouve as minhas palavras, e as observa, eu vos mostrarei a quem é semelhante. É semelhante ao homem que edificou uma casa, e cavou, e abriu bem fundo, e pôs os alicerces sobre a rocha; e, vindo a enchente, bateu com ímpeto a corrente naquela casa e não a pôde abalar, porque estava fundada sobre a rocha. Mas o que ouve e não pratica é semelhante ao homem que edificou uma casa sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com ímpeto a corrente, e logo caiu; e foi grande a ruína daquela casa.” (Lc 6.46-49).

Usando uma linguagem figurada e considerando a Bíblia como a verdadeira emissora de comunicação dos céus, cada um dos 66 livros existentes no Cânon Sagrado representa um canal de comunicação dos céus, que Deus se utiliza para nos comunicar fatos ocorridos, ou que hão de acontecer no transcurso da História, a fim de nos deixar preparados para vivenciarmos os eventos futuros. Além disso, essa emissora objetiva que os seus “telespectadores” possam extrair lições práticas para a vida cristã, que também servem de antídoto espiritual, ou preventivo, a fim de que os eventos tétricos como os supracitados anteriormente não nos leve ao ocaso.

Então, ao sintonizarmos no canal 42 da emissora dos céus, isto é, no quadragésimo segundo livro da Bíblia, que é o Evangelho de Jesus Cristo escrito por Lucas, analisando a 6ª reportagem desse canal - que é o capítulo seis do aludido livro -, e de forma mais acurada a matéria veiculada nos versos 46 ao 49, percebemos que, o Senhor Jesus Cristo por ser o Mestre dos mestres, o exímio conhecedor em edificação, o engenheiro por excelência, atua como o “Presidente do Conselho Celestial de Engenharia, Arquitetura e Agronomia”, o qual é responsável por aprovar, ou reprovar as edificações realizadas no Reino de Deus. Com conhecimento de causa, o "Presidente" relata pelo quais motivos diversas casas desabam no Reino de Deus, ainda que estas estejam bem adornadas, com uma aparência digna de elogios, ou com um estereótipo que chame a atenção de todos os que veem.

Alguém entendido no assunto, como o apóstolo Paulo, chamou essas casas de templo, moradia ou habitação do Espírito de Deus (1 Co 3.16). Outro, como o apóstolo Pedro, afirmou que essa casa é uma casa espiritual que dever ser conservada em santidade, a fim de oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo (1 Pe 2.5). Contudo, essas casas não são feitas por mãos de homens, porque o Senhor não mora em casa feita por mãos de homens (At 17.24). Logo, depreendemos que essas casas somos nós, cristãos.

Mas, talvez alguém esteja se perguntando: “o que tem haver o incidente que ocorreu no morro do Bumba com os crentes?” Ora, respeitando os sentimentos dos que perderam seus entes queridos e de todos que foram envolvidos direta ou indiretamente no caso, é de fácil percepção que a causa desse infortúnio tem uma grande relação com a vida cristã, haja vista que a mesma está interligada às construções de casas em local instável. Vejamos que, para a casa espiritual não desabar por causa da tempestade - evento que não tem dia nem horário exato para acontecer – que pode vir a suceder a qualquer momento, tal como a segunda vinda do Senhor Jesus Cristo para buscar a Sua Igreja (Mt 25.13; 1 Ts 5.1-2), é necessário:


1. Edificar a casa na rocha (uma fundação estável) e não na areia (uma fundação instável).
Muitas pessoas, incluindo os cristãos, negligenciam o local onde construir as suas vidas, e muitos líderes (obreiros em geral, mormente os mencionados em Ef 4.11) que são os responsáveis por orientar o local devido da construção não o fazem. Resultado: estão construindo suas vidas em fundações instáveis, tais como: o materialismo, o esporte, o divertimento (quando este toma o tempo que daríamos a Deus), a ambição, a educação, as filosofias, tradições e a sabedoria de homens etc. A fundação estável é o Senhor Jesus Cristo, pois Ele é a nossa rocha (1 Co 10.4). Nele e por Ele devemos e podemos nos alicerça. Desse modo, temos estabilidade e a garantia de sobreviver às vicissitudes da vida, principalmente ao Dia tão esperado pela Igreja, o encontro com o Senhor. O qual trará a lume onde cada um de nós edifica a sua própria vida (1 Co 3.11-15). Ou edificamos a nossa vida no lugar instável (areia), ou no lugar estável (rocha). Todavia, tudo em nossa vida perde o seu real sentido se o fazemos longe dessa verdade: a rocha é o melhor e mais perfeito tipo de fundação para construirmos a nossa vida;

2. Encontrar a rocha.
Para isto, os edificadores removem as bases menos estáveis, tais como: pedregulho, pedra porosa, barro e areia que impede o contato tangível com a rocha. Não pode haver nenhum estorvo entre a rocha e a casa, pois compromete a sua estabilidade. Há diversas coisas que achamos inócuas para a vida de um cristão. Mas, biblicamente, elas são consideradas ineptos e impedimentos de um melhor contato com a rocha. Ao nosso ver são coisas simplórias, porém passam a ser frequentes em nossa vida e no decorrer dos dias se avolumam, retirando de nós o poder de influenciar os que estão no "mundo". Aliás, essas coisas congestionam a via que nos leva à rocha. Mas ainda assim, bradamos: “isso não tem nada demais!”. Será que, não estamos equivocados? Contudo, precisamos remover de nossas vidas o que nos impede de achegarmos à racha, pois quanto mais perto dela ficamos, melhor para nós. Além disso, a rocha precisa estar no centro da edificação. Se ela não for o centro, porque construir? Para ser derribada? Quando a rocha não é o centro, certamente, a casa penderá para um lado, ou para o outro lado, que são: o lado dos fiéis, ou o lado dos infiéis; o lado da justiça, ou o lado da injustiça; o lado da luz, ou o lado das trevas; o lado de Cristo, ou o lado de Belial; e, o lado de Deus, ou o lado dos ídolos (1 Co 6.14-16). Ora, qual é o lado que desejamos ficar? Se quisermos estar com Deus e em Cristo, ser fidedigno a Ele e viver praticando a justiça, a rocha deve ser o centro de todas as coisas que fazemos. Ao contrário, seremos contados entre os escravos de Belial, os filhos das trevas, os infiéis, os inúteis, que, são como os ídolos: “têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não veem; têm ouvidos, mas não ouvem; têm nariz, mas não cheiram; têm mãos, mas não apalpam; têm pés, mas não andam; nem som algum sai de sua garganta (Sl 115.5-7). Quando Cristo não ocupa o centro da nossa vida, realmente, ficamos vulneráveis. Caso isso ocorra, as efemeridades da vida ocuparão o lugar dAquele que é insubstituível. Quem é que tem sido o centro da nossa vida, dos nossos cultos coletivos, da nossa adoração? Será que realmente tem sido o Senhor Jesus, ou as demais coisas? Se Jesus Cristo não estiver no centro das nossas ações , ou se nelas Ele não estiver envolvido, nada deveríamos fazer ou construir;

3. Ouvir e praticar a palavra de Deus.
A palavra de Deus é a bússola que orienta o caminho para o qual devemos ir (Sl 119.105). É o leme que nos levará a atracar no porto seguro. De fato, através das Sagradas Escrituras discernimos se estamos, ou não na rocha. O texto bíblico, quando interpretado e esposado retamente pelos seus leitores e expositores, confronta a nossa maneira de viver e nos impulsiona a buscar o aprimoramento cristão. Mediante a palavra de Deus somos santificados e acrisolados (Jo 17.17; 1 Tm 4.5; 2 Tm 3.16-17). O cristão deve amar a palavra de Deus. E quem diz que a ama não pode ficar somente nas palavras, mas deve provar o seu amor por obra e em verdade (1 Jo 3.18). Por isso, dedica-se à leitura, meditação e estudo da palavra, para que também conheça o seu Criador e Senhor (Sl 1.2; 119.130). Sendo assim, inclina desejosamente o ouvido para receber a pregação e ensino nas igrejas locais, que produzem crescimento e maturidade cristã. Infelizmente, muitas igrejas nos dias hodiernos caracterizam-se por não dar o real valor à palavra Deus. Reduzem o tempo da exposição bíblica e quase retiram do culto o que realmente dá firmeza aos cristãos, supervalorizando o que deveria dar lugar à palavra de Deus, pois esta é um dos elementos mais preponderantes do culto cristão. Ademais, os falsificadores da palavra - que são muitos - ocupam os púlpitos das nossas igrejas pregando um evangelho espúrio, antibíblico e extrabíblico, que visam agradar a homens e consequentemente desagradam a Deus (1 Co 2.17; Gl 1.6-10; 1 Tm 4.1-3). Entretanto, louvo e tributo honra a Deus pelas igrejas e pregadores compromissados com a palavra de Deus e com o Deus da palavra. A bem da verdade, não basta apenas sermos leitores, estudiosos, ouvintes e propagadores da palavra, é necessário praticá-la (Tg 1.22-25). Precisamos exercer o praticismo da Palavra em sua totalidade, se não o nosso cristianismo assemelhar-se às demais seitas religiosas que, por seu turno, são falsárias. Fico entristecido e com aflição na alma porque estamos suprimindo a palavra de Deus da nossa vida, dos nossos cultos, sejam eles coletivos ou individuais. Alguns líderes não ensinam mais a Bíblia e as suas pregações não são bíblica nem cristocêntrica, mas antropocêntricas, pois passam mais tempo falando de si mesmo e dos fatos ocorridos em sua vida, em vez de pregar a Cristo, e este crucificado (1 Co 2.1-2). Busquemos o conhecimento da palavra, vivamos nela e por ela, porque sem ela seremos transtornados (Os 4.14b).

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