terça-feira, 13 de julho de 2010

A GRAÇA DE DEUS TRANSFORMA TRAGÉDIAS EM TRIUNFOS [FINAL]


Transformando tragédias em triunfos segundo as atitudes de Noemi e suas noras



1. Retornar o caminho outrora percorrido, a fim de corrigir os erros (Rt 1.7). Após ter recebido uma força motriz advinda da parte do Senhor no momento em que ouviu o que Ele fazia na sua terra, Noemi levantou-se, e juntamente com ela, suas noras, pelo que, saiu dos campos de Moabe (Rt 1.6,7) - lugar onde estivera por quase um decênio (Rt 1.4) -, e caminhou para voltar à terra de Judá.



A atitude de Noemi ensina-nos que, precisamos retornar pelo caminho que outrora percorremos quando estávamos sendo guiados pelas nossas vontades. Isso nos dá a entender que, devemos voltar e consertar os erros que foram cometidos nas decisões e atitudes que outrora tomamos, pois somente desta maneira podemos desfrutar as benesses que a graça de Deus nos concede. Se desejarmos que Deus restaure alguma área da nossa vida, que fora prejudicada por causa do nosso comportamento, faz-se necessário empreender esta atitude. Em outras palavras, a ação de retornar pelo caminho outrora percorrido é reconhecermos nossos erros, não impingi-los em outras pessoas, abandoná-los e confessarmos nossas faltas não somente a Deus, mas também ao nosso próximo (Tg 5.16).



O cristão deve pedir perdão às pessoas com quem erra na caminhada, independente do cargo eclesiástico que ocupa. Aliás, obreiros (apóstolos, profetas, evangelistas, pastores, mestres ou doutores) também erram. Mas, há alguns que dizem que nunca erram e sempre transfere os seus erros para outros, pressionando o ofendido a pedir perdão publicamente para que ele (o ofensor) seja sempre inocente e vítima de maus tratos e insultos.



Precisamos pedir perdão sempre que for necessário, como também devemos ir pedir perdão a quem tem alguma coisa contra nós, senão o nosso culto a Deus passa a ser sem sentido (Mt 5.23-24) e da mesma maneira devemos perdoar quem nos ofendeu (Mt 5.44-45; 18.21,22; Ef 4.32), seja pai, mãe, filho, esposo (a), pastor, irmão em Cristo, ou todo e quaisquer ser humano.



A bem da verdade, muitos não querem retornar o caminho porque (1) causa dor; porém, essa dor gera arrependimento, nos cura e aperfeiçoa o nosso caráter (2 Co 7.10); (2) leva-nos a passar por humilhações diante de Deus e diante dos homens; e, (3) leva tempo para recuperarmos a credibilidade que um adquirimos. Por esta razão, de um modo geral, os homens preferem continuar no erro em vez de retornar pelo caminho que percorreu. Aprendamos com Noemi a refazer o caminho; com o proverbista e com o apóstolo João a confessar e abandonar nossas transgressões (Pv 28.13; 1 Jo 1.9); com o profeta das lágrimas, isto é, Jeremias, à se humilhar na presença de Deus para que Ele transforme as tragédias (Lm 5.21); com Davi à assumirmos que pecamos (Sl 51.4); e, com o conselho de Jesus, à lembrarmos onde caímos, e arrependermos, e voltarmos à pratica das primeiras obras (Ap 2.5a).



2. Perseverança ante as contrariedades da vida (Rt 1.16,17). A perseverança é uma virtude que se adquire nos momentos de tribulação (Rm 5.3). Aliás, todos nós passamos por tribulações, mas nem todos são perseverantes durante a mesma. Uns, desistem no meio do caminho, devido às diversas contrariedades que surgem a cada passo que é dado em direção ao centro da vontade de Deus. Outros, voltam para o local do qual o Senhor já havia lhe tirado, encerrando dessa maneira sua História de Vida. Decerto, para os que retrocedem tudo se acaba, mas para aqueles que prosseguem para o alvo sempre haverá um escape, ainda que quão grande seja a sua labuta. Saibamos que, Deus não tem prazer naqueles que retrocedem (Hb 10.38).



Por falar em retrocesso, a vida de Orfa, nora de Noemi, é um retrato que permanece vívido e atual na História, o qual comunica uma mensagem nítida da sua reação quando sua sogra disse a ela e também para Rute as dificuldades que iriam ter de vivenciar, caso desejassem seguir adiante. Noemi falou que não tinha mais filhos para lhes dar (Rt 1.11), isto é, relatou que não tinha o que elas precisavam de imediato para garantir suas subsistências; disse também, que, já era muito velha para ter marido (Rt 1.12a), ou seja, sua perspectiva para solucionar imediatamente o problema era nula; continuou dizendo, que, ainda que tivesse marido, ou ainda que tivesse filhos, teriam de esperá-los até ser grandes e se guardarem para ele sem tomar marido (Rt 1.12b, 13).



Com essa questão que fora proposta por Noemi, suas noras, Rute e Orfa, se quisessem ter suas vidas restauradas deveriam proceder da seguinte maneira: saber esperar um bom tempo; renunciar a si mesma e recusar qualquer proposta de casamento, para aguardar o filho que supostamente viria do ventre de Noemi.



Ora, de fato, quando não temos os meios necessários para sanar nossas intempéries, quando as esperanças e as perspectivas de mudanças são remotas, quando temos de esperar o tempo para recebermos aquilo que tanto queríamos, além disso, ainda termos de renunciar a si mesmo e coisas que nos agradam, realmente, pensamos em parar, ou retroceder, como fez Orfa. Mas, ainda que tudo conspire contra uma possível restauração, nós - que andamos por fé e não por vista (2 Co 5.8) –, devemos ir avante, crendo que Deus proverá. Aliás, porque não parou no meio da caminhada nem retrocedeu, mas, antes, persistiu em continuar labutando pela sua restauração ao lado daquela que aparentemente não tinha nada para lhe oferecer, Rute pode experimentar o que jamais aqueles que desistem experimentam, a saber: coisas além daquilo que pedimos ou pensamos (Ef 3.20).



3. Estabelecer-se no centro da vontade de Deus (Rt 1.19). Depois de uma longa caminhada, Noemi e Rute, chegaram a Belém de Judá, local que deveriam sempre estar, pois ali era a vontade de Deus para Noemi e para todos os que o acompanhavam. A partir de então, começava uma nova vida para elas. E quem vive uma nova vida, que hoje só é obtida por meio de Cristo (2 Co 5.17), deve manifestar um comportamento que coadune com os padrões estabelecidos por Deus na sua palavra, os quais são totalmente antagônicos ao sistema proposto por esta geração perversa (At 2.40), a qual está sob a tutela do príncipe deste mundo (Jo 14.30).



A vida cristã, para que seja saudável, deve estar estabelecida na vontade do Senhor. Mas, estabelecer-se na Sua vontade não é tão simplório. Isso requer de nós que apresentemo-nos a Deus em sacrifício vivo, santo e agradável (Rm 12.1), pois sem tais qualificações torna-se impossível aproximar-se de Deus, prestar serviço (culto) a Ele e receber dEle a revelação da Sua vontade. É necessário também, que sejamos transformados pelo Espírito do Senhor (2 Co 3.18), que tenhamos o nosso entendimento renovado, e que não aceitemos o sistema de vida que o presente século tenta impor sobre nós (Rm 12.2).



Viver na vontade de Deus contraria a nós mesmos e a muitos que querem propor os ditames que devemos seguir. Na maioria das vezes significa perder coisas que gostamos. Por exemplo, determinadas amizades que alimentam mais as nossas fraquezas do que as nossas virtudes e nos influenciam mais do que as influenciamos; deixar de ir a certos lugares por causa dos compromissos com o Reino de Deus; deixar de assistir algumas programações televisivas, principalmente os canais abertos, que contribui para a deturpação do caráter do telespectador, e que faz apologia a toda sorte de práticas pecaminosas, que em nada edificam o cristão etc.



Certamente, não há triunfo para aqueles que querem fazer a sua própria vontade, e sim tragédias. No entanto, aqueles que procuram viver em Cristo e na Sua vontade, sairão da tragédia para o triunfo.



4. Ter o Redentor na vida (Rt 2.1). As tragédias que ocorreram na vida de Noemi e de Rute só foram transformadas em triunfo porque elas encontraram o Remidor (Rt 2.20), cujo nome era Boaz (significa “força” ou “nele há força”), o qual foi capaz de suscitar gratuitamente o nome dos falecidos Elimeleque, Malom e Quiliom (Rt 4.9,10), e retirar Rute e Noemi do caos em que viviam, dando-lhe de volta a oportunidade de construir uma História, que culminaria no nascimento do Redentor por excelência (Mt 1.5). “Em quem temos a redenção pelo seu sangue, à remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça” (Ef 1.7). Através dEle recebemos o Espírito de Deus, o qual testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. “E, se nós somos filhos, somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo” [...] (Rm 8.17).



Se tivermos o Remidor, se vivermos nEle e por Ele, não há tragédias que Ele não possa transformar em triunfo, pois em Suas mãos está o poder de transformar o pranto em folguedo (Sl 30.11), tal como, a tristeza em alegria.



Conclusão. Vimos que o homem quando está fora do propósito de Deus, fora da Sua vontade proporciona inúmeras tragédias, mas quando este abandona as práticas ilícitas, refazendo o caminho, perseverando em obedecer a Deus e a sua palavra, estabelecendo-se no centro da Sua vontade, bem como, deixando que Cristo, o Remidor, governe a sua vida. Com certeza, não haverá barreiras que O impeça de transformar as nossas vidas e nossas causas em triunfo para a glória de Deus Pai.

A GRAÇA DE DEUS TRANSFORMA TRAGÉDIAS EM TRIUNFOS [2]



Segundo. Elimeleque, diante da adversidade foi procurar refúgio em terra estranha e, comesta decisão, não expressou em atitudes a confiança que dizia e que deveria ter no Senhor, pois o seu nome significa “Jeová é Rei”, logo, a sua vida e a sua conduta deveriam demonstrar que Jeová era quem governava a sua vida, a nação de Israel e as demais coisas.



A vida daquele que entrega a sua vida a Deus deve ser de total confiança a Ele (Sl 37.5). Mas, alguns de nós, enveredamos pelo desejo do nosso coração, e rejeitamos indiretamente a ajuda do Senhor (Hb 13.6), dAquele que é o nosso socorro nos momentos de angústia (Sl 46.1). Procuramos deliberadamente a ajuda do homem, ou a autoajuda, em detrimento de buscar a Deus em oração e nEle a solução para nossos anseios. De fato, em dados momentos, chegamos a pensar que o homem poderá resolver nossas questões,. Às vezes, porque conhecemos alguém influente, pensamos que estes farão aquilo que precisamos. Na verdade, não farão! A solução não está nas mãos deles. O poder pertence a Deus (Sl 62.11)! Ao contrário do Senhor, que não muda, o homem é como uma veste que envelhece, como roupa é modificado (Sl 102.26), assemelha-se à vaidade, pois “os seus dias são como a sombra que passa” (Sl 144.4). No homem, não há salvação! “Sai-lhes o espírito, e eles tornam para sua terra; naquele mesmo dia, perecem os seus pensamentos. Feliz aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio e cuja esperança está posta no Senhor, seu Deus” (Sl 146.3,4). Por isso, não devemos guerrear nossas guerras com as armas carnais nem colocar a confiança em homens, mas no Todo-Poderoso (Sl 62.1). O braço em que devemos confiar não pode ser de carne. O Senhor, nosso Deus, com seus braços e mãos estendidos deseja nos ajudar (2 Cr 32.8). “Confiemos nele, ó povo, em todos os tempos; derramai perante ele o vosso coração; Deus é o nosso refúgio (Sl 62.8);



Terceiro. Transgrediu o mandamento divino indo peregrinar (heb. “ger” é um residente permanente, outrora cidadão de outra terra, que se mudara para sua nova residência mediante autorização obtida por contrato firmado com habitantes do país que o habilitava circular livremente e desfrutar dos direitos de cidadão) nos campos de Moabe, algo que foi peremptoriamente proibido por Deus (Dt 1.31; 23.3-6). A atitude de Elimeleque teve como escopo aproveitar as terras férteis de Moabe, que eram bem irrigadas pelos diversos vaus que cortavam a região, que, combinados a bons índices de chuvas, ora não ocorridas em Israel, proporcionaria grande produção agrícola e, por conseguinte, de onde se extrairia o sustento para sua casa. Porém, não levou em consideração que os moabitas, descendentes de Ló (Gn 19.36,37), era um povo idólatra, que adorava ao deus Camos (1 Rs 11.7,33), cujo culto era regrado a prostituição religiosa e sacrifícios de seres humanos (2 Rs 3.26,27; cf. 2 Rs 23.19 ) – coisa abominável aos olhos do Senhor - nem tampouco percebeu que para chegar a Moabe haveria que percorrer entre 110 a 160 quilômetros num período de aproximadamente uma semana – de acordo com o percurso sugerido na época -, tempo mais que suficiente para Deus providenciar o seu sustento. Não obstante à tudo isso, é bem provável que as lembranças das antigas e recentes hostilidades impingidas pelos moabitas a Israel no período dos juízes que, sob a liderança de Eglom, rei dos moabitas, invadiu e subjugou uma grande parte do território de Israel por dezoito anos (Jz 3.12-14), não estivessem completamente apagadas da memória de sua família. Todavia, Elimeleque permaneceu aferrado na sua desobediência, sem saber que a morte estava à espreita.



Este erro de Elimeque tem se tornado costumeiro nos dias hodiernos. Infelizmente, existem homens no Reino de Deus que nos momentos de dificuldades, ou quando premidos pelo ardor da batalha, acabam vendendo-se, vendendo os outros e, por conseguinte, os princípios inegociáveis do Reino de Deus. Aliás, fazem isso desejando mudar sua condição de vida para melhor. Abrem sociedade com aquilo que antes consideravam atrocidade, sujeitam-se a concordar com tudo que lhe é imposto pelos tiranos que se infiltram na obra do Senhor para fazer do povo de Deus massa de manobra e, assim , conquistarem seus objetivos egocêntricos e escusos. No entanto, não levam em consideração que estão comprometendo seu coração com a corrupção, e que deverão, a partir de então, condescender com aquilo que é condenado por Deus e por Sua palavra.



Os homens que agem dessa maneira dão largos passos em direção à queda, à bancarrota, pois acreditam que seus próprios passos os levarão a solucionar os seus quexumes, em vez de permanecer firmemente na posição em que Deus lhe pôs. E, tentar resolver pendências procurando subvenções em lugares expressamente proibidos pelo Senhor, ou em situações comprometedoras, a fim de não vivernciar as contrariedades da vida, leva mais tempo do que permanecer esperando a providência divina chegar. Ademais, assim como Elimeleque, estamos sendo atraidos pela aparência das coisas, e achamos que viveremos bem num determinado local por causa das prerrogativas que esta nos oferece. Asseveramos que seremos bem-sucedidos naquilo que achamos melhor para nós. Porém, essas conjecturas são enganosas. Vigiemos, as aparências enganam! Por causa da aparência, um profeta de Deus quase ungiu a pessoa errada, para ser rei sobre Israel (1 Sm 16.7). Mas Deus que conhece o coração do homem interveio na causa para dar o fim conforme o beneplácito de sua vontade, e o profeta ouviu a voz do Senhor, obedeceu a Sua ordem e jamais permaneceu renitente aos seus desejos, antes cedeu o seu desejo à vontade de Deus, o que evitou um grande erro irreparável. Façamos igual, e não sejamos contumazes em nossos desejos como fez Elimeleque;



Quarto. Elimeleque, o belemita, negligenciou a sua família, porque com tais atitudes supramencionadas, as quais foram ensejadas e praticadas por ele, colocava a sua casa à beira de um precipício.



São inúmeros os casos de pessoas que colocam sua família em risco porque têm um padrão de vida desregrado, descabido e inconsequente. Os tais, querendo satisfazer a si próprio, não pensam que seus familiares sofrerão danos por causa de suas ações. Agem às ocultas, escondem de seus familiares suas atitudes e decisões. Usam da autoridade para que seus ideais prevaleçam. Porém, quando as tragédias vêm à tona, são os seus familiares que, na maioria das vezes, têm de sustentar as consequências das imprudências de um desavisado. Nós, cristãos, não podemos pensar que cuidar da família é apenas sustentá-la, ou dar um bom conforto. É muito mais do que isso, inclusive, evitar tragédias que os envolvam. Então, procuremos agir conforme os padrões bíblicos com a nossa família, evidenciando que conhecemos as Escrituras e o poder de Deus, pois aquele que não cuida da sua família nega a fé e é pior do que os infiéis (1 Tm 5.8).



É bem provável que Elimeleque tenha imaginado que o caminho que escolhera para prosseguir era bom, como às vezes nós pensamos. No entanto, por trilhar os seus próprios caminhos em detrimento aos caminhos do Senhor acabou conhecendo a morte numa terra estranha, como o salário dos seus erros e tornou real na sua vida o que diz a Palavra da Verdade: "Há caminho que parece direito ao homem, mas o seu fim são os caminhos da morte" (Pv 16.25; cf. Rm 6.23).



Após a morte de Elimeleque, seus filhos Malom e Quiliom, ancorados no contexto cultural da época, tornaram-se os mantenedores da viúva e também mãe Noemi, mesmo casados respectivamente com as moabitas Rute e Orfa (Rt 1.4; cf. 4.10), o que provavelmente aconteceu antes da morte de seu pai, porque a cultura do oriente atribuía principalmente ao pai a incumbência de arrumar um casamento para os filhos (Gn 21.21; 24). Contudo, o casamento dos filhos de Noemi, eram casamentos mistos, algo considerado uma violação do estatuto divino (Êx 34.16; Dt 7.30), erro que tornou a ser cometido pelos judeus no período pós-exílio babilônico (Ed 9.1,2; Ne 13.23) e terminantemente condenado pelo apóstolo Paulo no neotestamento (2 Co 6.14-18).



Ao que parece, a tragédia repousava sobre a família belemita e a morte não se apartava deles, pois a mesma repentinamente irrompeu a casa da família israelita e desta vez arrebatou os dois filhos de Noemi (Rt 1.5), deixando-a desamparada por seus dois filhos e por seu marido, o que representava para ela perda de posição social, política e, mormente, econômica. Em termos atuais, a situação de Noemi seria comparável a dos sem-teto que perambulam pelas ruas de nosso país.



É inequívoco que o infortúnio que grassava a vida de Noemi numa terra longínqua da sua pátria tenha deixado sua alma ferida, dorida, extenuada e combalida. Essa situação parece inverossímel. Mas, o caso, certamente, era enervante! Indubitavelmente, as forças e a esperança de Noemi esvaíram-se. Todavia, o que estava vivenciando era lei da ceifa (Gl 6.7,8). Colhia os frutos de erros passados, ou porque praticou boa parte deles, ou porque se omitiu perante os erros que vislumbrava na sua casa, ou porque foi condescendente com os pecados de seu marido e de seus filhos. Ainda assim, não entendia o que estava acontecendo. Não obstante, diante dessa trágica e aparente insolúvel circunstância, restou a Noemi transferir para Deus a causa da sua aflição, dizendo: “Porquanto a mão do Senhor se descarregou sobre mim” (Rt 1.13b; cf. 1.20,21), como muitos em nossos dias verberam. Mas, na verdade, a culpa era única e exclusivamente de sua família.



Mediante os fatos, Noemi e suas noras viviam como se estivessem num túnel obscuro, sombrio, abafadiço, que parecia não ter fim. Assim como nós, devem ter feito perguntas a si mesmo, tais como: o que vou fazer? O que será da minha vida, agora? Quiçá tenham pensado que não tinham como sair daquela situação e que suas vidas tinham chegado ao ocaso. Entretanto, uma luz raiou em meio às densas trevas quando Noemi ouviu que o Senhor tinha visitado o seu povo dando-lhe pão (Rt 1.6b).



Tudo na vida do ser humano começa a ter uma mudança para melhor a partir do momento em que ele ouve e pratica a palavra de Deus. Com certeza, esse fato de ouvir coisas advindas do Senhor vivificou a esperança de Noemi e fortaleceu a sua fé, porque quando alguém ouve algo da parte de Deus, isso resulta em fé (Rm 10.17). Mas como a fé sem obras é morta (Tg 2.26), o ocorrido requereu de Noemi e de suas noras algumas atitudes, a fim de que as tragédias que lhes ocorreu se transformassem em triunfo, através da graça de Deus.

A GRAÇA DE DEUS TRANSFORMA TRAGÉDIAS EM TRIUNFOS [1]


“E sucedeu que nos dias em que os juízes julgavam, houve fome na terra; pelo que um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele, e sua mulher, e seus dois filhos. E era o nome deste homem Elimeleque, e o nome de sua mulher, Noemi, e os nomes de seus dois filhos, Malome e Quiliom, efrateus, de Belém de Judá; e vieram aos campos de Moabe e ficaram ali. E morreu Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com seus dois filhos, os quais tomaram para si mulheres moabitas; e era onome de uma Orfa, e o nome da outra, Rute; e ficaram ali quase dez anos. E morreram também ambos, Malom e Quiliom, ficando assim esta mulher desamparada dos seus dois filhos e de seu marido” (Rt 1.1-5)

I. Introdução

O livro de Rute, apesar de não ser tanto explorado pelos expoentes da Palavra de Deus - como muitos asseveram -, quando é descortinado pelos amantes, estudiosos e pesquisadores da Bíblia que a consideram o manual de fé, regra e prática de vida, encontra-se nele uma fonte de riquezas eternas, um manancial de águas vivas a fluir para a igreja contemporânea e a sociedade em geral, a fim de lhes suprir as necessidades existenciais, e transformar vidas ressequidas pelo pecado numa terra fértil que produz frutos dignos de arrependimento e que glorificam a Deus. Estas veracidades norteiam as pouquíssimas páginas do estimável livro bíblico em alusão, que, por seu turno, evidencia a providência de Deus pela manifestação da Sua graça restauradora na vida das pessoas e por meio delas, invalidando quaisquer que sejam seus antecedentes.

Acerca deste assunto, a biografia de Noemi e de Rute - eminentes personagens desse livro - é um exemplo cabal, pois contém uma autêntica e inteligível obra da graça divina. No entanto, na biografia de outros personagens bíblicos não é tão fácil perceber isso, haja vista ter de fazer um estudo acurado a respeito do personagem. Há diversos casos como tal nas Sagradas Escrituras. Por exemplo, dentre os cinco últimos versículos aduzidos pelo aludido livro - de que tratam da genealogia de Perez (v. 18) -, o nome de Salmom (vv. 20,21) – nome que foi incutido na genealogia do Messias descrita por Mateus (Mt 1.5) e ratificado na árvore genealógica de Jesus Cristo elaborada por Lucas, onde o compilador colocou-lhe o nome de Salá (Lc 3.32) -, isto é, o filho Salmom (1 Cr 2.11), bem como a sua descendência, surgiram na História porque ambos foram beneficiados pela graça de Deus. Porém, isso está implícito no livro.

A graça do Senhor – a qual é suficiente para regenerar o homem - na vida de Salmom e da sua família tornar-se aclarada para nós quando depreendemos que este contraiu matrimônio com uma mulher que fora prostituta na cidade de Jericó, cujo nome era Raabe (Js 2.1; 6.22,23). Porém, indubitavelmente, o Senhor regenerou a vida de Raabe e deu-lhe Salmom por esposo, com quem procriou Boaz (Mt 1.5; cf. Rt 4.21), o qual "anos-luz" tornar-se-ia avô de Jessé e bisavô do rei Davi (Rt 4. 21,22).

Notemos que, nesses relatos bíblicos e, em todo o livro de Rute, tal como em outros, o Senhor, nosso Deus, deixa-nos uma lição: mediante Sua graça é possível resolver o que aparenta ser insolúvel na vida do ser humano. Além disso, com Sua ação antecipou-nos a assertiva que foi proferida séculos depois desses fatos, pela boca do apóstolo Paulo, que disse: “onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5.20). Por assim dizer, o agente responsável por transformar nossas vidas ou tragédias que ocorrem no decurso da mesma é a graça de Deus, e através desta postagem veremos como a graça de Deus restaurou a vida de Noemi e Rute.

II. Contexto Histórico

É imprescindível mencionar que, os acontecimentos ora desenvolvidos no transcurso dessa estimável história bíblica estão intrisicamente relacionados ao período dos juízes, como afirma o próprio texto (Rt 1.1a). Entrementes, nenhum estudioso logrou êxito no que tange assegurar com exatidão a qual período dos juízes tais eventos aconteceram. Todas as pesquisas permanecem hipotéticas. Nesse período, a nação de Israel já estava devidamente instalada na Terra Prometida sob a forma de governo teocrático, ou seja, o próprio Deus governava o seu povo. Todavia, o período dos juízes nos seus quase 300 anos de duração, entre aproximadamente 1350 a 1050 a.C., fora caracterizado por episódios tétricos, tais como: apostasia nacional; declínio espiritual; servidão aos povos vizinhos; guerras civis intermitentes; e, uma anarquia exacerbada. Cada qual fazia o que parecia direito aos seus olhos (Jz 17.6). Essa situação levou os israelitas ao estado de putrefação espiritual, atraindo dessa feita o juízo divino sobre eles, que ficou vívido quando a fome lhes sobreveio anunciando uma calamitosa situação.

Diz-nos às Sagradas Escrituras que, ante a escassez de alimento que permeava a nação de Israel dizimando os moradores da terra, num determinado período da teocracia, o patrício Elimeleque - natural e residente da cidade de Belém de Judá, chefe de família, casado com Noemi, com quem teve dois filhos, dos quais, o primogênito chamava-se Malom e o mais moço chamava-se Quiliom - decidiu de forma deliberada sair de Belém de Judá e peregrinar nos campos de Moabe. Tal atitude, além de fomentar tragédias, revela-nos alguns aspectos negativos de sua conduta, que servem de exemplo para nós outros de como não devemos proceder quando estivermos sitiados pelas vicissitudes da vida, a saber:


Primeiro. Porque não compreendeu que a fome era uma ferramenta que Deus utilizava para corrigir e aproximar de Si o seu povo, Elimeleque precipitou-se nas suas decisões evocando para si o mal.


Quando estamos sob pressão, vivenciando momentos dificílimos, os quais, muitas vezes, Deus nos proporciona vivenciar - como fez com o Seu Filho Primogênito (Mt 4.1) -, a fim de aperfeiçoar algumas áreas da nossa vida, à princípio não entendemos o real propósito dos revés que vivemos. E, por esta razão, somos estimulados à precipitação, a qual corrobora para que tomemos atitudes que culminam em ruínas. Na verdade, quem se precipita peca (Pv 19.2) e o pecado produz ruínas (Rm 6.23). No entanto, a palavra do Senhor aconselha-nos a não sermos precipitados (Ec 5.2). Aliás, há diversos exemplos na bíblia de homens que se prejudicaram por causa da precipitação. A título de exemplo, Moisés é um deles, pois se precipitou ao fazer justiça com as próprias mãos (Ex 2.11-14). Sara, precipitou-se ao gerenciar o problema do seu jeito (Gn 16.2). O profeta Jonas precipitou-se ao fugir para Társis, pensando que iria conseguir fugir da face do Senhor (Jn 1.3).


Ora, diversas vezes sofremos prejuízos porque não compreendemos que algumas situações específicas são essências para forjar o nosso caráter. Porém, não queremos vivenciá-las. E, por isso, agimos precipitadamente. Mas, depois, ficamos a dizer: "quem dera se pudéssemos voltar atrás depois de empreendermos uma ação precipitada"! Mas, como não é possível... Ficamos apenas na vontade. Contudo, quem se precipita nas ações do dia a dia traz ruínas para si e provavelmente ocasionará problemas para outras pessoas. Então, evitemos à precipitação e, assim, estaremos evitando tragédias.

sábado, 3 de julho de 2010

SOBREVIVENDO À TEMPESTADE



O mundo, no mês de Abril de 2010 - especificamente nos dias 05, 06 e 07 do mês e ano supramencionados - fora notificado através de toda a imprensa sobre diversos fatos tristes, trágicos, catastróficos, fúnebres e lastimáveis que ocorreram no Estado do Rio de Janeiro, os quais foram causados pelas chuvas que sem cessar irromperam a “cidade maravilhosa”. Estou cônscio de que, esses fatos não são tão edificantes para vós se forem analisados novamente em pormenores. Além disso, não gostaria de ser como propagandista ou jornaleiro de más notícias. Por estas razões não irei difundi-los a ponto de exaurir o assunto. Porém, tornar-se necessário publicar algumas reminiscências.

Devemos considerar que essas notícias foram propagadas e, de uma maneira ou de outra, nós às ouvimos, às percebemos, e por isso ficamos mui preocupados. Não teve como coibir o noticiário. A mídia veiculou os mais diversificados casos, nos quais carros foram levados ou presos no engarrafamento pelas chuvas torrencial, muitos foram obrigados a abandonar os seus veículos e procurar um abrigo seguro, outros ficaram sem condições de ir para casa. As escolas da rede municipal e estadual, as universidades e a maior parte dos estabelecimentos da rede particular suspenderam as aulas. Vários órgãos públicos e grandes empresas, públicas e privadas, também pararam as atividades administrativas ou tornaram o ponto facultativo, porque os diversos pontos de alagamento, em todas as áreas da cidade, impediam o deslocamento de funcionários até ao trabalho. Houve várias ocorrências de deslizamento de terra, que deixaram muitas famílias desabrigadas ou que vitimaram fatalmente os afetados, levando uma dor incomensurável aos entes queridos.

Diante desse infortúnio ficamos à dizer: "meu Deus, que situação terrível"!


Dentre as notícias que nos sobreveio repentinamente, deixando-nos perplexos, existe uma notícia em especial que permeou diariamente os meios de comunicação de massa, sendo veiculada até nos momentos que são destinados para as empresas multinacionais divulgarem os seus produtos, momentos estes que denominamos de comercial ou propaganda. A tal notícia chamou a atenção de inúmeras pessoas, mexeu com minha sensibilidade, afligiu minha alma, porque a mesma referia-se a um deslizamento de terra ocorrido no dia 07 de Abril de 2010 às 22:00. Fomentado pelas chuvas, esse deslizamento de terra resultou no desabamento de aproximadamente 50 casas no morro do Bumba, no bairro Viçoso Jardim, em Niterói. Devido esta tragédia, muitas vidas foram à óbito. Pais perderam os filhos, filhos perderam os pais e familiares perderam seus entes queridos. O
s sobreviventes do local perderam todos os seus pertences, tendo de recomeçar a sua vida. Alguns corpos até hoje não foram encontrados. Segundo os peritos que estiveram no local juntamente com a defesa civil e engenheiros de construção civil, esse desabamento foi também causado porque aquele local abrigou, de 1970 até 1986, o segundo lixão de Niterói, ou seja, 25 anos atrás ali funcionava um aterro sanitário. Com a desativação do lixão no morro do Bumba, foi proibida a ocupação do local, pois o mesmo era instável para construção. Porém, por falta de fiscalização, negligência das autoridades e também do povo – ainda que seja ínfima -, foram construídas casas de alvenaria em cima do local instável. Ao invés de reprimir a ocupação irregular no antigo lixão, o poder público de forma indireta concitou a invasão. E, ao se eximir de suas responsabilidades corroborou para que danos irreparáveis ocorressem na vida de muitas pessoas, que tiveram as suas casas, ou a si mesmo encobertos pela terra misturada ao lixo pútrido, o que tornou aquele local irreconhecível. Diríamos que: "o lugar se tornou em necrópole"!

Diante desse incidente atípico, o Espírito do Senhor me fez lembrar das palavras de Jesus: “E porque me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo? Qualquer que vem a mim, e ouve as minhas palavras, e as observa, eu vos mostrarei a quem é semelhante. É semelhante ao homem que edificou uma casa, e cavou, e abriu bem fundo, e pôs os alicerces sobre a rocha; e, vindo a enchente, bateu com ímpeto a corrente naquela casa e não a pôde abalar, porque estava fundada sobre a rocha. Mas o que ouve e não pratica é semelhante ao homem que edificou uma casa sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com ímpeto a corrente, e logo caiu; e foi grande a ruína daquela casa.” (Lc 6.46-49).

Usando uma linguagem figurada e considerando a Bíblia como a verdadeira emissora de comunicação dos céus, cada um dos 66 livros existentes no Cânon Sagrado representa um canal de comunicação dos céus, que Deus se utiliza para nos comunicar fatos ocorridos, ou que hão de acontecer no transcurso da História, a fim de nos deixar preparados para vivenciarmos os eventos futuros. Além disso, essa emissora objetiva que os seus “telespectadores” possam extrair lições práticas para a vida cristã, que também servem de antídoto espiritual, ou preventivo, a fim de que os eventos tétricos como os supracitados anteriormente não nos leve ao ocaso.

Então, ao sintonizarmos no canal 42 da emissora dos céus, isto é, no quadragésimo segundo livro da Bíblia, que é o Evangelho de Jesus Cristo escrito por Lucas, analisando a 6ª reportagem desse canal - que é o capítulo seis do aludido livro -, e de forma mais acurada a matéria veiculada nos versos 46 ao 49, percebemos que, o Senhor Jesus Cristo por ser o Mestre dos mestres, o exímio conhecedor em edificação, o engenheiro por excelência, atua como o “Presidente do Conselho Celestial de Engenharia, Arquitetura e Agronomia”, o qual é responsável por aprovar, ou reprovar as edificações realizadas no Reino de Deus. Com conhecimento de causa, o "Presidente" relata pelo quais motivos diversas casas desabam no Reino de Deus, ainda que estas estejam bem adornadas, com uma aparência digna de elogios, ou com um estereótipo que chame a atenção de todos os que veem.

Alguém entendido no assunto, como o apóstolo Paulo, chamou essas casas de templo, moradia ou habitação do Espírito de Deus (1 Co 3.16). Outro, como o apóstolo Pedro, afirmou que essa casa é uma casa espiritual que dever ser conservada em santidade, a fim de oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo (1 Pe 2.5). Contudo, essas casas não são feitas por mãos de homens, porque o Senhor não mora em casa feita por mãos de homens (At 17.24). Logo, depreendemos que essas casas somos nós, cristãos.

Mas, talvez alguém esteja se perguntando: “o que tem haver o incidente que ocorreu no morro do Bumba com os crentes?” Ora, respeitando os sentimentos dos que perderam seus entes queridos e de todos que foram envolvidos direta ou indiretamente no caso, é de fácil percepção que a causa desse infortúnio tem uma grande relação com a vida cristã, haja vista que a mesma está interligada às construções de casas em local instável. Vejamos que, para a casa espiritual não desabar por causa da tempestade - evento que não tem dia nem horário exato para acontecer – que pode vir a suceder a qualquer momento, tal como a segunda vinda do Senhor Jesus Cristo para buscar a Sua Igreja (Mt 25.13; 1 Ts 5.1-2), é necessário:


1. Edificar a casa na rocha (uma fundação estável) e não na areia (uma fundação instável).
Muitas pessoas, incluindo os cristãos, negligenciam o local onde construir as suas vidas, e muitos líderes (obreiros em geral, mormente os mencionados em Ef 4.11) que são os responsáveis por orientar o local devido da construção não o fazem. Resultado: estão construindo suas vidas em fundações instáveis, tais como: o materialismo, o esporte, o divertimento (quando este toma o tempo que daríamos a Deus), a ambição, a educação, as filosofias, tradições e a sabedoria de homens etc. A fundação estável é o Senhor Jesus Cristo, pois Ele é a nossa rocha (1 Co 10.4). Nele e por Ele devemos e podemos nos alicerça. Desse modo, temos estabilidade e a garantia de sobreviver às vicissitudes da vida, principalmente ao Dia tão esperado pela Igreja, o encontro com o Senhor. O qual trará a lume onde cada um de nós edifica a sua própria vida (1 Co 3.11-15). Ou edificamos a nossa vida no lugar instável (areia), ou no lugar estável (rocha). Todavia, tudo em nossa vida perde o seu real sentido se o fazemos longe dessa verdade: a rocha é o melhor e mais perfeito tipo de fundação para construirmos a nossa vida;

2. Encontrar a rocha.
Para isto, os edificadores removem as bases menos estáveis, tais como: pedregulho, pedra porosa, barro e areia que impede o contato tangível com a rocha. Não pode haver nenhum estorvo entre a rocha e a casa, pois compromete a sua estabilidade. Há diversas coisas que achamos inócuas para a vida de um cristão. Mas, biblicamente, elas são consideradas ineptos e impedimentos de um melhor contato com a rocha. Ao nosso ver são coisas simplórias, porém passam a ser frequentes em nossa vida e no decorrer dos dias se avolumam, retirando de nós o poder de influenciar os que estão no "mundo". Aliás, essas coisas congestionam a via que nos leva à rocha. Mas ainda assim, bradamos: “isso não tem nada demais!”. Será que, não estamos equivocados? Contudo, precisamos remover de nossas vidas o que nos impede de achegarmos à racha, pois quanto mais perto dela ficamos, melhor para nós. Além disso, a rocha precisa estar no centro da edificação. Se ela não for o centro, porque construir? Para ser derribada? Quando a rocha não é o centro, certamente, a casa penderá para um lado, ou para o outro lado, que são: o lado dos fiéis, ou o lado dos infiéis; o lado da justiça, ou o lado da injustiça; o lado da luz, ou o lado das trevas; o lado de Cristo, ou o lado de Belial; e, o lado de Deus, ou o lado dos ídolos (1 Co 6.14-16). Ora, qual é o lado que desejamos ficar? Se quisermos estar com Deus e em Cristo, ser fidedigno a Ele e viver praticando a justiça, a rocha deve ser o centro de todas as coisas que fazemos. Ao contrário, seremos contados entre os escravos de Belial, os filhos das trevas, os infiéis, os inúteis, que, são como os ídolos: “têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não veem; têm ouvidos, mas não ouvem; têm nariz, mas não cheiram; têm mãos, mas não apalpam; têm pés, mas não andam; nem som algum sai de sua garganta (Sl 115.5-7). Quando Cristo não ocupa o centro da nossa vida, realmente, ficamos vulneráveis. Caso isso ocorra, as efemeridades da vida ocuparão o lugar dAquele que é insubstituível. Quem é que tem sido o centro da nossa vida, dos nossos cultos coletivos, da nossa adoração? Será que realmente tem sido o Senhor Jesus, ou as demais coisas? Se Jesus Cristo não estiver no centro das nossas ações , ou se nelas Ele não estiver envolvido, nada deveríamos fazer ou construir;

3. Ouvir e praticar a palavra de Deus.
A palavra de Deus é a bússola que orienta o caminho para o qual devemos ir (Sl 119.105). É o leme que nos levará a atracar no porto seguro. De fato, através das Sagradas Escrituras discernimos se estamos, ou não na rocha. O texto bíblico, quando interpretado e esposado retamente pelos seus leitores e expositores, confronta a nossa maneira de viver e nos impulsiona a buscar o aprimoramento cristão. Mediante a palavra de Deus somos santificados e acrisolados (Jo 17.17; 1 Tm 4.5; 2 Tm 3.16-17). O cristão deve amar a palavra de Deus. E quem diz que a ama não pode ficar somente nas palavras, mas deve provar o seu amor por obra e em verdade (1 Jo 3.18). Por isso, dedica-se à leitura, meditação e estudo da palavra, para que também conheça o seu Criador e Senhor (Sl 1.2; 119.130). Sendo assim, inclina desejosamente o ouvido para receber a pregação e ensino nas igrejas locais, que produzem crescimento e maturidade cristã. Infelizmente, muitas igrejas nos dias hodiernos caracterizam-se por não dar o real valor à palavra Deus. Reduzem o tempo da exposição bíblica e quase retiram do culto o que realmente dá firmeza aos cristãos, supervalorizando o que deveria dar lugar à palavra de Deus, pois esta é um dos elementos mais preponderantes do culto cristão. Ademais, os falsificadores da palavra - que são muitos - ocupam os púlpitos das nossas igrejas pregando um evangelho espúrio, antibíblico e extrabíblico, que visam agradar a homens e consequentemente desagradam a Deus (1 Co 2.17; Gl 1.6-10; 1 Tm 4.1-3). Entretanto, louvo e tributo honra a Deus pelas igrejas e pregadores compromissados com a palavra de Deus e com o Deus da palavra. A bem da verdade, não basta apenas sermos leitores, estudiosos, ouvintes e propagadores da palavra, é necessário praticá-la (Tg 1.22-25). Precisamos exercer o praticismo da Palavra em sua totalidade, se não o nosso cristianismo assemelhar-se às demais seitas religiosas que, por seu turno, são falsárias. Fico entristecido e com aflição na alma porque estamos suprimindo a palavra de Deus da nossa vida, dos nossos cultos, sejam eles coletivos ou individuais. Alguns líderes não ensinam mais a Bíblia e as suas pregações não são bíblica nem cristocêntrica, mas antropocêntricas, pois passam mais tempo falando de si mesmo e dos fatos ocorridos em sua vida, em vez de pregar a Cristo, e este crucificado (1 Co 2.1-2). Busquemos o conhecimento da palavra, vivamos nela e por ela, porque sem ela seremos transtornados (Os 4.14b).

sexta-feira, 2 de julho de 2010

ANDAI COMO SÁBIOS


Texto Áureo: "Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios" (Ef 5.15)
Referência Bíblica: Ef 5.15-21

A carta aos Efésios é frequentemente conhecida como uma das quatro “cartas do cativeiro”, haja vista ter sido escrita pelo apóstolo Paulo durante o seu aprisionamento domiciliar na cidade de Roma (At 28.30), onde também compilou as demais “epistolas da prisão”, que são: Filipenses, Colossenses e Filemom; e, na qual, ambas foram exaradas aproximadamente nos anos 60 d.C. Essa carta é considerada uma obra magnífica que, ao lado da missiva aos Romanos, se projeta como o ápice das revelações bíblicas nos escritos paulinos. No entanto, ela não fora escrita em resposta a nenhuma circunstância específica, seja de ordem doutrinária, seja de ordem prática, que tivesse dado motivo a essa epístola pela necessidade de ser tratado, fato que ocorre na maioria das outras cartas paulinas - as quais foram escritas para tratar de assuntos específicos e situações reais -, conforme podemos inferir das próprias epístolas.

Sob muitos aspectos, a carta aos Efésios constitui-se um compêndio que reúne as grandes doutrinas da fé cristã que, por assim dizer, encontramos também nas outras cartas paulinas. Todavia, enquanto que naquelas cartas essas doutrinas são tratadas na medida em que ajudam a dirimir os problemas específicos com que o apóstolo se defronta na vida das igrejas às quais ele escreve, nesta, elas são desenvolvidas de modo a servirem de subsídio para expor o grande tema de toda a epístola: o propósito de Deus em Cristo para Sua Igreja. Podemos ver isto de maneira inteligível nos capítulos 1 a 3, que formam a primeira parte da carta, a qual dá ênfase à posição em que Cristo colocou a Igreja. Entrementes, na segunda parte da carta, que são os capítulos 4 a 6, ensinam quais devem ser as consequências práticas para a vida e as relações humanas, desse propósito divino.

Em Roma, apesar de estar cativo por causa de seu ministério (Ef 3.1; 4.1; 6.20), Paulo pregava a um cortejo constante de visitantes que passavam pela sua prisão (cf. At 28.30), e com isso provou de antemão que ele estava preso, “mas a palavra de Deus não está presa” (2 Tm 2.9b). Dentre os que visitavam a Paulo para lhe consolar e ouvir os seus sermões, encontrava-se Tíquico, o fiel ministro do Senhor (Cl 4.7), que numa de suas visitas ao apóstolo recebera a incumbência de levar a missiva à cidade na qual Paulo labutou por três anos durante sua terceira viagem missionária (Ef 6.21; cf. At 20.31). Ora, percebamos que, nessa carta levada por Tíquico aos Efésios, Paulo está ávido de que os cristãos evidenciem diante de nossos semelhantes uma praticidade de vida que coadune com a posição em que Cristo nos assentou (Ef 2.6). Sendo assim, o apóstolo dos gentios – como era conhecido (Gl 2.8) – propôs no mínimo cinco maneiras de como os servos de Deus devem andar, a saber: andar de modo digno de vocação (Ef 4.1); andar diferente dos gentios, isto é, diferente dos ímpios (Ef 4.17); andar em amor (Ef 5.2); andar como filhos da luz (Ef 5.8); e andar como sábios (Ef 5.15).

Com esta postagem desejo iniciar uma série de publicações acerca de como o cristão deve andar (gr. “peripateõ” - figurativamente, significa o círculo inteiro das atividades da vida individual, quer dos não regenerados, quer dos crentes), isto é, como deve ser o seu comportamento e conduta de vida perante à sociedade em geral. Desta feita, deixarei para um momento oportuno as outras postagens que a acompanha. A princípio, sem exaurir o assunto, quero lhes aduzir algumas ilações que foram elencadas por Paulo, a fim de que demonstremos sabedoria no andar. Ei-las:

1. “Remindo o tempo” (v.16). As pessoas sábias sabem tirar o melhor proveito possível de seu tempo, tanto para o serviço de Deus, quanto para as outras atividades em geral. “Então, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé” (Gl 6.10). Remir o tempo também pode ser traduzido por aproveitar as oportunidades (1 Co 16.12). Tempo perdido não volta atrás. A vida do cristão deve ser ocupada com atividades produtivas, benéficas, para si e para a sua comunidade, não se esquecendo do tempo que devemos dar ao Senhor, que deve ser nossa primazia.
A razão pela qual devemos remir o tempo também nos é dada: “porque os dias são maus”. Os dias, além de serem maus, passam como conto ligeiro (Sl 90.9). O inimigo de nossas almas não dorme, agindo constantemente, semeando o mal entre toda a humanidade, algo que fica notório quando lemos os noticiários. Por isto, nós, cristãos, precisamos interpor essa atividade com trabalho dedicado a Deus, desinteressado e amoroso, que só se realizam com proficiência se dermos o devido tempo para tais. A bem da verdade é que, chegaremos a esse nível quando abdicarmos do tempo que damos às coisas efêmeras da vida e passarmos mais tempo envolvidos com as coisas espirituais e com os propósitos eternos, não apenas por um ativismo religioso fossilizado ou cumprimento da agenda de cultos nas igrejas locais, e sim, pela busca do aprimoramento de nosso caráter e de tudo que fazemos na obra de Deus.

2. “Não sejais insensatos” (v.17). Apesar da tradução Almeida Revista Corrigida (ARC) utilizar o verbo “ser” na segunda pessoa do plural do imperativo negativo (não sejais), no termo grego usa-se o verbo que significa estritamente “tornar”, dando a entender que os cristãos podem sair do estado de integridade e bom senso com que iniciaram a vida cristã. Todavia, Paulo recomendou que os cristãos não tornassem a serem insensatos (gr. “asophos” - uma palavra que sugere não tanto uma ausência básica de sabedoria, e sim, um embotamento da mente, levando à estupidez moral no agir). Em outras palavras, Paulo esposou que os membros do corpo de Cristo não devem viver segundo a sua própria vontade, que é insensatez. Mas que, rejeite-a procurando compreender a vontade do Senhor. Nada é mais importante do que descobrir a vontade de Deus em nossa vida diária. Isto é ser sensato! E, por ser sensato, Jesus orou: "Não se faça a minha vontade, mas a Tua vontade" (Lc 22.42). As pessoas sábias discernem a vontade de Deus e sabem que nEle pode ser achada a verdadeira sabedoria, e em nenhum outro lugar (Pv 9.10). O homem orienta a sua vida corretamente se o faz dentro da Palavra de Deus (Sl 119.9). Um bom conselho “para que experimenteis qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2) é que, leveis à termo a súplica de Paulo na carta aos Romanos (Cf. Rm 12.1-2), e assim desfrutareis das benesses inerentes da obediência à vontade de Deus.

3. “Não vos embriagueis com vinho, em que há contenda” (v.18). A embriaguez é grande prova de insensatez e característica dos que vivem sem Deus no mundo. Nos cultos pagãos a bebida era parte importante, levando os cultuadores ao êxtase. Na igreja de Cristo não pode haver lugar para tais atitudes. “E não vos embriaguez com vinho” é uma proibição à qualquer tipo de embriaguez, com qualquer e todo tipo de bebida alcoólica. A bebida tem destruído milhares de vidas, desde os tempos de Noé (Gn 20.20-23).
As pesquisas da ciência moderna teem mostrado que até mesmo pequenas quantidades de alcoól, na corrente sanguínea, matam as células cerebrais. O vício do alcoolismo raramente resulta do desejo que os alcoólicos têm por sentir o gosto, o paladar da bebida. Eles andam atrás de muito mais que isso. Querem ocultar-se de si mesmo, livrando-se de suas perturbações, ou eximem-se de suas responsabilidades. Rejeito qualquer tipo de bebida, em qualquer quantidade, pois creio que esta é uma das coisas que não convém ao salvo, mesmo em pequenas quantidades. Pois, ao olhar os embriagados na sarjeta, e as famílias em dissoluções sem o sustento por causa do marido que pôs tudo à gastar na bebida, sei que não é para o servo de Deus a bebida, em nenhuma quantidade. Nós, cristãos, como sábios, somos capazes de discernir a vontade de Deus quanto a isto.

4. “Enchei-vos do Espírito” (v.18). O crente deve se abster do vinho, mas se encher do Espírito. O verbo traduzido por “enchei-vos” traz no sentido original quatro lições importantes: é um imperativo - pois se trata de uma ordem; está no plural - portanto, aplica-se ao corpo de Cristo coletivamente; está na voz passiva – o que significa que a ação de estarmos cheios do Espírito é atribuição dEle, porém é necessário que deixemos que Ele nos encha; está no tempo presente contínuo – ou seja, transmite a ideia de uma ação contínua. Por isso, pode ser traduzido como “Deixai-vos encher continuamente do Espírito”. Ademais, uma vida cheia do Espírito não precisa de vinho, e nem lugar para o mesmo existe. Uma pessoa bêbada está sob a influência da mesma, e o cheio do Espírito fica completamente à mercê de Deus. Não há maior segredo para a santidade do que ser repleto daquele cuja própria natureza e nome são santos.

5. “Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus” (v.21). Para ser cheio do Espírito é preciso ter um espírito humilde a ponto de sujeitar-se amorosamente aos demais irmãos. Podemos definir que a submissão é a prova máxima de humildade (1 Pe 5.5). Porém, os perigos do individualismo numa comunidade cristã são grandes (1 Co 14.26-33). Mas, para podermos nos considerar sábios, andar como tal, precisamos passar por mais esse crivo: submissão aos irmãos, em amor (Fp 2.1). Muitas vezes entendemos errado este texto. Ele não nos fala que não possam haver na Igreja opiniões conflitantes, mas sim que essas opiniões nunca podem levar à perda da comunhão espiritual com nossos irmãos. Infelizmente, vemos em alguns lugares que o orgulho da posição e o espírito autoritário, os quais são destrutivos para a comunhão, estão latentes na vida de muitos irmãos e líderes religiosos, que não aceitam opiniões que vão de encontro com as suas convicções. E valendo-se de suas posições, dizem que, os que dão opiniões contrarias às suas convicções estão contra a obra de Deus, são rebeldes, inimigos do Reino de Deus etc. Pensamento que está totalmente equivocado. Deve haver o desejo, dentro da comunidade cristã, de servir, aprender e de ser corrigido por qualquer pessoa sem levar-se em conta a idade, sexo, classe social ou qualquer outra distinção. Mas, na verdade, nem sempre isso é possível, porque os homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido sempre resistem ao Espírito Santo (At 7.51). Entretanto, “como diz o Espírito Santo, se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais o vosso coração” (Hb 3.7,8). Contudo, quando não houver jeito de convencer, devo me humilhar e aceitar a opinião contrária, desde que a mesma não fira os propósitos cristãos de santidade e consagração. Deus nos fez diferentes, mas temos que ter unidade na diversidade. Nós não temos sempre a última palavra...

Conclusão

Decerto que, tais condutas, mediante a graça de Deus, são exequivéis no nosso dia a dia, e se assim procedermos, alcançaremos o lastro de que necessitamos para termos uma vida cristã saudável e equilibrada. Então, caminhemos, pois, em conformidade com a palavra de Deus e viveremos como sábios.